Luanda - Projectada inicialmente para menos de um milhão de habitantes, a capital do país, Luanda, hoje abriga mais de seis milhões de pessoas, destacando um contraste entre o seu passado planeado e os desafios do presente, deu a conhecer a arquitecta Djamila Cassoma.
Em entrevista à ANGOP, por ocasião da celebração dos 449 anos da província, cuja íntegra será publicada na próxima sexta-feira (24), a arquitecta referiu que a cidade é marcada por sua singularidade arquitectónica e urbanística, que carrega traços da fundação colonial e de um crescimento exponencial desordenado no período pós-independência.
Assim sendo, refere que esta situação reflecte uma dualidade clara, por um lado, o urbanismo colonial estruturado e, por outro, o caos das áreas informais surgidas no pós-colonialismo.
Quanto às iniciativas como as centralidades e projectos de infraestruturas, a exemplo da Via Expressa, referiu que mostram esforços do Governo em atender às demandas crescentes, porém, o crescimento informal e a falta de planeamento integrado continuam a dificultar a adaptação da cidade à sua nova realidade demográfica.
A relação entre o centro histórico e a periferia moderna foi frequentemente descrita como conflituosa, segundo Djamila Cassoma, superar os desafios requer soluções baseadas em três pilares fundamentais, a promoção da educação cívica e urbanística, o investimento em infra-estruturas básicas e um planeamento colaborativo, elementos tidos como indispensáveis para construir um futuro sustentável para Luanda.
Apesar das dificuldades, a arquitecta transmite uma mensagem de esperança, acreditando em acções visionárias e alinhadas às necessidades reais da população que podem transformar Luanda numa cidade mais organizada e humanizada.
Para isso, sublinhou ser necessário que todos os atores, Governo, técnicos e cidadãos assumam um papel activo na implementação de soluções duradouras.
A celebração dos 449 anos da cidade reforça não apenas sua importância histórica, mas também a urgência de um olhar estratégico para o futuro.
A cidade de Luanda foi fundada por Paulo Dias de Novais, na sequência da chegada à região de uma armada de Lisboa, que transportava várias centenas de homens, entre soldados, mercadores e missionários.
A armada chegou à ilha de Luanda em 1576 e Paulo Dias de Novais, após reconhecimento do terreno, decidiu criar um núcleo permanente, a que deu o nome de São Paulo de Loanda. ANM/SEC