Talatona – Kilamba faz parte dos distritos urbanos de Luanda promovidos a município na nova divisão político-administrativa de Angola, tomando como sede a centralidade do mesmo nome, agora desanexada da municipalidade de Belas.
Por Gizelaide Bandeira, jornalista da ANGOP
Concebida há 13 anos, para proporcionar uma vida condigna aos seus habitantes, a pioneira centralidade do Kilamba é hoje uma das urbanizações líderes em matéria de incumprimento das obrigações contratuais por parte dos seus ocupantes.
Neste complexo de residências adquiridas no quadro do programa de fomento da habitação do Governo, o cúmulo de passivos vai desde as rendas resolúveis ao consumo de energia e água, passando pelas taxas de condóminos, situação agravada por persistentes actos de vandalismo que têm causado prejuízos consideráveis ao Estado.
O impacto deste último mal é mais perceptível na carteira de investimentos públicos na hora do redireccionamento de recursos alocados à satisfação de outras necessidades colectivas prementes como o fornecimento de energia e água.
O uso indevido dos pontos de rega, que estão a ser explorados por jardineiros para o comércio ilegal de água, os assaltos constantes aos apartamentos e viaturas e a inoperância dos semáforos, ressalvados os poucos que ainda funcionam, estão entre os problemas que os munícipes esperam ver resolvidos pelo primeiro administrador municipal da circunscrição.
A construção de Kilamba como cidade trouxe consigo o surgimento de muitos bairros, antes zonas agrícolas, formados por nacionais provenientes de toda a parte de Angola, como é o caso dos Bitas, do Progresso, do Cinco Fios, do Povoado Kimbele, do Vila Flor e outros.
O surgimento desses bairros ocasionou várias dificuldades nos domínios do saneamento básico, do fornecimento de energia eléctrica e água potável, da segurança pública, dos serviços de educação e saúde e das infra-estruturas comerciais.
Com a ascensão do Kilamba à categoria de município, o desejo da população ficou expresso na conversa mantida com alguns munícipes, no âmbito dos 449 anos de existência da cidade de Luanda, celebrados este sábado, 25 de Janeiro.
O coordenador do bairro Vila Flor, Ramiro de Almeida, que reconhece alguns avanços no domínio social, afirma que muito ainda há para se fazer, para a melhoria e qualidade de vida da comunidade.
Disse ser péssima a situação socioeconómica vivida pelos habitantes vizinhos de uma das maiores centralidades de Angola, com destaque para as poucas infra-estruturas, falta de energia eléctrica e de um programa de criação das valas de drenagem.
Segundo Ramiro de Almeida, apesar de algumas intervenções junto das autoridades municipais, as solicitações para a construção de um centro de saúde, uma esquadra policial, escolas e creches, ainda não foram atendidas.
“Queremos mais infra-estrutura habitacionais e escolas. Temos apelado a quem de direito para que as nossas solicitações sejam atendidas”.
O melhoramento do estado das vias é o desejo de Domingos João, morador e moto-taxista que encontra dificuldades em percorrer as ruas das referida circunscrição.
Quem partilha a mesma opinião é Pascoal Braga, membro da Comissão de Moradores, sector-3, quarteirão A, que pediu urgência nas intervenções de terraplanagem e recuperação de ravinas no seu sector.
A esperança de que a cidade se torne num lugar mais justo e seguro para os seus habitantes é manifestada pelo morador Nelson Fernandes, que acredita no trabalho das forças policiais focadas em acabar com a delinquência no local.
A cidade do Kilamba, com mais de 20 mil habitações distribuídas por 710 edifícios concluídos na primeira fase, foi desanexada do município de Belas à luz da nova divisão político administrativa em vigor no país. GIZ/MAG/IZ.