Lubango - A facilidade que as crianças de e na rua têm de conseguir dinheiro de esmolas é a principal razão da sua permanência nas artérias da cidade do Lubango, província da Huíla, em detrimento dos bairros e aldeias.
Esta conclusão resulta de um inquérito realizado em Janeiro último por 17 Activistas Sociais de Protecção à Criança (ASPC) sobre os motivos que levam menores a optar pela rua ao invés da casa, num processo em que foram inquiridos 189 petizes, 44 das quais meninas.
O estudo foi efectuado por causa do aumento substancial do número de crianças nas ruas desde o princípio de 2022, cujas idades variam dos dois aos 14 anos, que se aglomeram às portas de padarias e outros estabelecimentos comerciais, como pedintes.
Há um outro grupo de menores dos sete aos 17 anos que exercem o ofício de engraxadores, cujo número é também considerável.
O inquérito aponta que as crianças na rua recebem dinheiro, com maior incidência de jovens e a maior parte do valor arrecadado na rua é entregue aos pais de quem recebem orientações para o efeito, sendo que a maior parte delas vive apenas com a mãe.
Revela ainda que mais de 60 por cento das crianças pedintes já passaram por algum tipo de violência física ou psicológica e que o risco de rapto, violação sexual e agressão é alto, pelo que é importante que seja debatido na comunicação social.
O estudo recomenda os estabelecimentos comerciais a sensibilizarem os seus clientes a não dar dinheiro às crianças pedintes, bem como as igrejas, os órgãos de difusão massiva e taxistas a seguirem o mesmo procedimento.
Segundo o mesmo, essa medida vai desmotivar as referidas crianças a permanecer nas ruas e consequentemente furtarem-se da escola, assim como inibir os seus tutores de aproveitarem-se ou instrumentalizá-las.
O inquérito recomenda ainda a mobilização da sociedade a evitar aceitar os os serviços de engraxar sapatos oferecidos por menores de 14 anos.
De acordo com o estudo, trata-se de acções que vão ajudar a diminuir o número de crianças pedintes nas ruas, uma vez que os seus objectivos não vão ser alcançados.
O inquérito foi orientado pela vice-governadora para o sector Político, Económico e Social, Maria João Chipalavela e contou com a colaboração do Instituto Nacional da Criança (INAC), Organização de Pioneiros Angolanos (OPA) e da organização não governamental World Vision.