Luanda - A III edição do Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz em África "Bienal de Luanda", que o país vai albergar de 12 a 14 de Outubro deste ano, vai estar focada na educação e na cidadania, para além de um segmento denominado “diálogo inter-geracional”.
O “diálogo inter-geracional” vai agrupar Chefes de Estados ou líderes de grandes organizações e jovens para poderem ter um diálogo sobre a paz, afirmou o director adjunto da UNESCO para “Prioridade-Africa”, Eduardo Motoko, em entrevista, recente, ao Centro de Imprensa da Presidência da República (CIPRA).
Disse que o certamente será um bom momento para reflexão e aprendizagem dos líderes e dos jovens.
No seu entender, existem formas de aumentar a consciência dos líderes sobre a necessidade da paz.
“Os líderes em África são exemplos para muitos jovens e se eles não mostrarem os bons exemplos de paz e não resolverem os conflitos de forma pacífica, a geração dos jovens também não vai fazer diferente”, referiu.
Afirmou que para uma cultura da paz efectiva no continente deve-se levar em conta todos os segmentos da sociedade.
Sublinhou que esta III edição da Bienal de Luanda foi adoptada pelos Chefes de Estado da União Africana e pela UNESCO, tornando-se num evento que está cada vez mais a se tornar muito importante para as duas organizações.
Eduardo Motoko lembrou que a última edição da Bienal de Luanda foi atendida por muitas pessoas e instituições do continente, incluindo os Chefes de Estado e de Governo, situação aplaudida pela UNESCO que insere estas acções no seu Programa Interdisciplinar para a Cultura da Paz, lançado nos anos 90, num período em que África estava a enfrentar vários conflitos como Burundi, Ruanda, Moçambique, na República Democrática do Congo, na República do Congo e em Angola.
“Para nós, a III edição da Bienal de Luanda é como primeiro farol para o cinema, primeiro pão para a música, é um evento que apreciamos e estamos muito gratos pelo apoio do governo de Angola que se predispôs a colher a cada dois anos”, realçou.
Instado a pronunciar sobre a actuação de Angola na presidência do Grupo África na UNESCO, disse ser uma grande honra para o país ser presidente de um dos grupos mais importantes e mais influentes desta organização mundial.
Aseverou que Angola foi escolhida para liderar o Grupo-Africa, não só pelo que o país representa em África, mas também por ser um dos países mais activos na UNESCO.
Considerou também que a Embaixada Permanente de Angola junto desta organização está a fazer um excelente trabalho, por ser um grupo dinâmico.
“Nós apoiamos, como podemos ver agora na festa da semana africana na UNESCO-2023 que tem sido um grande sucesso”, disse.
O Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz em África, mais conhecido por Bienal de Luanda, foi instituído pela decisão nº 558/XXIV e adoptado durante a 24ª Sessão da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, que orientou o Governo de Angola a materializá-lo em concertação com a UNESCO e a União Africana.
A Bienal de Luanda é uma plataforma de discussão e concertação transfronteiriça, que tem como objectivo promover as acções que contribuam para o fortalecimento do movimento Pan-africano e a manutenção de uma cultura de paz e não-violência no continente e no mundo, ancorados nas aspirações da União Africana, isto é, no compromisso de garantir uma África integrada, pacífica e próspera, em que os seus filhos assumam uma posição solidária nos processos de transformação económica e social em curso.
4ª edição da Bienal
Além da 3ª edição, o país vai acolher, também, a 4ª edição da Bienal da Paz e do Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz em África, prevista para 2025, igualmente em articulação com a UNESCO e a União Africana.
De modo a permitir o início dos preparativos destes eventos, o Presidente da República, João Lourenço, exarou, no ano passado, um Despacho por via do qual actualiza a Comissão Multissectorial encarregue de preparar as condições para a realização dos mesmos.
O interesse para a activação do ciclo de preparação da III edição do Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz em África, em Luanda, aconteceu em Addis Abeba, Etiópia, durante um encontro entre o então embaixador de Angola naquele país e representante permanente junto da União Africana (UA) e da Comissão Económica das Nações Unidas para África (CEA), Francisco da Cruz, e a directora do Escritório da UNESCO junto da União Africana, Rita Bissoonauth.
Na ocasião, Bissoonauth salientou que a Organização augura que a III Bienal de Luanda tenha como um dos principais temas a Educação, por ser um importante pilar para o desenvolvimento da Humanidade.
A segunda edição da Bienal da Paz e do Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz em África de Luanda ocorreu em Novembro de 2021, de forma híbrida, sob o lema "Artes, cultura e património: alavancas para construir a África que queremos”. ART