Luanda - As igrejas cristãs em Angola saudaram, esta semana, a realização do Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz e Não-violência – Bienal de Luanda, por olhar para os princípios e valores humanos e ao desenvolvimento sustentável.
Conforme líderes religiosos ouvidos pela ANGOP, a cultura de Paz e Não-violência promove respeito entre as pessoas, assente nas premissas de um autêntico humanismo, bem como na preparação de um futuro melhor para as novas gerações, tendo como base as relações de justiça e de solidariedade.
Estas directrizes, adiantam, encontram respaldo no Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz e Não-violência, que decorrerá sob o lema “Educação, Cultura de Paz e Cidadania Africana Como Ferramenta para o Desenvolvimento Sustentável do Continente”.
O fórum, que reunirá vários chefes de Estado e de Governo do continente e do mundo, contará também com a participação de várias instituições da sociedade civil e jovens líderes africanos, sem estar de parte as igrejas que procuram promover a prevenção da violência e fomentar a resolução pacífica de conflito, incentivando o intercâmbio cultural.
Segundo a secretária-geral do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), reverenda Deolinda Dorcas Teca, a 3ª edição da Bienal de Luanda traz consigo um tema interessante que está ligado a educação e a cultura de Paz, promovendo um olhar para os princípios e valores humanos, bem como o desenvolvimento sustentável.
A reverenda ressalta ainda a necessidade de se continuar a trabalhar na prevenção de conflitos em África, pautando pela educação das novas gerações, levando-as a reflectir sobre os grandes valores da cultura de paz.
Conforme Deolinda Dorcas Teca, a igreja também participará no Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz e Não-violência, com a realização de um encontro que vai reflectir sobre os grandes valores da cultura de paz a nível de África e Angola em particular.
“Vamos falar dos desafios e das implicações dos conflitos no mundo, teremos dois facilitadores religiosos africanos de renome que vão partilhar algumas experiência”, sublinhou.
Por sua vez, o secretário-geral da Igrejas Evangélica Congregacional em Angola (IECA), reverendo André Cangove Eurico, reconhece que o evento é de grande valor, sendo que representa o encontro das diferentes culturas do continente, bem como o alargamento do ciclo de influência do país.
Considerou que na cultura estão enraizados diferentes valores, normas, habilidades, o saber fazer e pensar de cada povo, por isso, vê a cultura como resultado de um aprendizado conjunto que permite a interacção dos indivíduos nas sociedades que vivem, como também partilhar conhecimentos que podem ser a bússola orientadora.
“A cultura e a educação vão juntos, pois a cultura resulta da educação e a educação fortalece a cultura”, sublinhou.
André Cangove Eurico lembrou ainda que a cultura é formatada a partir das famílias, por isso, a importância deste órgão da sociedade estarem atentas a este desenvolvimento cultural, que trazem sempre pessoas de diferentes contextos africano para partilharem os seus valores.
“Os resultados desses encontros sempre regressam às nossas casas, às nossas sociedades, às nossas escolas e ruas”, disse.
Para a bispa da Igreja Anglicana em Angola, Filomena Teta Estêvão, a Bienal de Luanda poderá trazer benefícios significativos na promoção e fortalecimento da cultura da paz, pois vai impulsionar a compreensão mútua, a tolerância e a cooperação, elementos essenciais para a construção dos objectivos da bienal.
Filomena Teta Estêvão enumerou alguns benefícios do Fórum tais como, o diálogo e entendimento intercontinental, a promoção da diversidade cultural e arte como ferramenta para a paz, o envolvimento da juventude e educação para a paz, bem como a solidariedade e cooperação internacional.
No contexto religioso, a bispa referiu que o papel da igreja é pacificar os espíritos e a mente, tendo como base a harmonia, a concórdia e a orientação de apoio para o bem.
Em relação à participação da igreja na Bienal de Luanda, considerou que pode desempenhar um papel significativo na promoção dos valores da moralidade, pacificação e amor ao próximo.
No que toca à participação dos jovens na Bienal de Luanda, os líderes religiosos são unânimes em aconselhar para participação desta franja da sociedade, tendo considerado ser um espaço de conhecimento enriquecedor e oportuno para contribuir num melhor ambiente de diálogo.
Sobre a Bienal
O Fórum Pan-Africano para a Cultura da Paz e Não-Violência - Bienal de Luanda é uma iniciativa conjunta da República de Angola, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e da União Africana (UA).
O evento, que se realiza em cada dois anos na capital angolana, visa promover a prevenção da violência e a resolução pacífica de conflitos, incentivando a educação, o intercâmbio cultural em África e o diálogo intergeracional.
A Bienal de Luanda reúne chefes de Estado e de Governo, representantes de Organizações Internacionais e de Instituições Financeiras do mundo, investidores, comunidades artísticas e científicas, jovens, mulheres e membros da sociedade civil.
Foi concebido como espaço de reflexão sobre os principais desafios de desenvolvimento sustentável do continente Africano e da importância das artes na consciencialização sobre o valor da cultura da paz, ideias e boas práticas relacionadas com o progresso social e económico no continente.
O encontro é uma plataforma de implementação do "Plano de Acção para uma Cultura de Paz em África/Actuemos pela paz", adoptado em Março de 2013, em Luanda, no Fórum Pan-Africano "Fontes e Recursos para uma Cultura de Paz".
Serve ainda como um espaço de fomento do compromisso dos líderes africanos e da sociedade civil do continente com fundamento nas aspirações da Agenda da União Africana 2063, nos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU e, finalmente, na “Estratégia Operacional da UNESCO para a Prioridade África 2022-2029”. ANM/ART/VM