Ondjiva- A criação de um projecto integrado de infra-estruturas sociais na orla fronteiriça com a República da Namíbia foi apresentada esta sexta-feira, durante a I sessão ordinária do Conselho de Auscultação na província do Cunene.
A província do Cunene partilha uma fronteira de 460 quilômetros com a República da Namíbia, 340 dos quais são terrestres e 120 fluviais.
A sessão orientada pela governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, sublinhou que foi convocado o Conselho de Auscultação para em conjunto criarem ideias que possibilitem um desenvolvimento sustentável e equilibrado.
De acordo com a governadora o objectivo é obter opiniões que visam o enriquecimento do projecto, que visa contrapor a procura dos serviços básicos por parte da população do Cunene no país vizinho.
O encontro abordou igualmente o projecto da criação da cidade universitária do Cunene a ser implantado na localidade de Oshimbala, seis quilómetros de Ondjiva, assim como a proposta para a denominação da centralidade de Ondjiva, que está ser erguida no Ekuma.
Na ocasião, a governadora referiu tratar-se da criação de vilas com intuito de resolver problemas das comunidades fronteiriças, sobretudo das crianças que diariamente atravessam a fronteira em busca de conhecimentos na República da Namíbia.
“A intenção é reverter a actual situação das famílias que procuram serviços sociais básicos no país vizinho e de crianças que diariamente atravessam a fronteira à procura de ensino, devido a insuficiência ou mesmo inexistência de serviços básicos na fronteira", sustentou.
A governadora admitiu que grande parte da comunidade residente na fronteira tem a Namíbia como fonte da assistência médica e medicamentosa, educação e ensino, aquisição de bens de primeira necessidade, devido à proximidade com a Namíbia.
Outro sim, falou da necessidade da construção de uma infra-estrutura condigna para albergar o ensino superior, para que a província deixe de depender academicamente da Huila, que limita muita das vezes o acesso aos estudantes do Cunene.
Referiu que Cunene dispõe de uma população estudantil considerável, onde a cada ano lectivo várias crianças terminam o ensino secundário, que deveriam dar continuidade da formação superior, mas que por falta de uma universidade limitam-se a interromper as aulas.
Gerdina Didalelwa fez saber que a região dispõe de uma única Escola Politécnica Superior, que actualmente beneficia de obras de reabilitação e ampliação para atender a comunidade estudantil.
A governante sublinhou que a elaboração dos dois projectos resulta de uma orientação do Presidente da República, João Lourenço, aquando da sua visita efectuada à província em Julho de 2021.
Ao apresentar os projectos, o arquitecto Francisco Manuel disse que o programa de infra-estruturas sociais da orla fronteiriça engloba um conjunto de acções através da criação de centros partilhados que vão permitir atender mais de 30 habitantes.
Disse que numa primeira fase prevê a criação de distritos com equipamentos sociais como unidades sanitárias, escolas de sete a 12 escolas, centros sociais habitações, unidades comerciais , policial, bombeiros e estradas ao longo de 120 quilómetros dos marcos 6 (Naulila) ao marco 16, mais concretamente ao município de Namacunde.
Divulgou ainda a possibilidade da instalação de zonas industriais e vias de comunicação como marco fundamental para o desenvolvimento da região.
Relativamente a cidade universitária, disse tratar-se de um projecto a ser implantado num espaço de 1200 hectares, com um prazo de materialização de 25 anos vai contar com uma população 10 mil estudantes
Francisco Manuel disse tratar-se de um projecto moderno com parte académica com sete faculdades, áreas residencial, instalações desportivas, campo de experimentação agronómica e veterinária e arborização.
Sustentou ser um programa que vai permitir dar continuidade o casco urbano de Ondjiva, dando oportunidade para o desenvolvimento da província no contexto nacional e internacional por situar-se numa região fronteiriça
O Conselho de Auscultação, órgão de acompanhamento das políticas económicas e sociais, surge no âmbito das normas de organização e funcionamento da administração local do Estado, de acordo com as disposições legais do estatuto orgânico do Governo da província.