Ondjiva - Sessenta e nove infra-estruturas de água, das 221 previstas, foram instaladas, desde Março de 2020, nos seis municípios da província do Cunene, no quadro do Projecto de Fortalecimento de Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional (Fresan).
Trata-se de fontes de água subterrâneas, chimpacas, represas, sistemas de irrigação gota a gota, que estão a beneficiar 29 mil e 852 pessoas, 13 mil e 389 animais e 31,2 hectares de campos irrigados.
A informação foi avançada, esta segunda-feira, à Angop, pela coordenadora adjunta do Fresan no Cunene, Estela Louçã, referindo que o programa corresponde às componentes I e II do projecto ligada a agricultura familiar sustentável, melhoria da nutrição e acesso à água.
Esclareceu que o mesmo tem como foco o acesso à água, mitigar a carência de água e alimentos junto à população do sul de Angola, a promoção de segurança alimentar e nutricional.
Fez saber que a nível da gestão da água, estão a ser testadas técnicas de retenção de água no solo, tais como as represa e desassoreamento de chimpacas no Curoca e Ombadja, com previsão de extensão a outros municípios já em Janeiro de 2022.
Disse que a intenção é complementar a extracção de água subterrânea (através dos furos) com o aproveitamento da água da chuva e garantir o seu armazenamento no solo até a próxima época chuvosa.
A acção engloba ainda a resiliência e produção agrícola familiar com o apoio às campanhas de vacinação bovina, reactivação das farmácias veterinárias e formação de tratadores de gado, para além da adaptação dos sistemas agrícolas.
Para efeito, encontram-se disponíveis 24 toneladas de sementes de massango, massambala e ferramentas agrícolas, a serem distribuídas às escolas de campo e famílias camponesas, durante a campanha agrícola de 2021/2022, a fim de aumentarem a produção.
Inscreve igualmente a construção e reabilitação de 10 infra-estruturas veterinárias e hidráulicas, para melhorar o acesso a água para população e gado no Curoca, Cahama e Ombadja.
Relativamente a cobertura de serviços de apoio à nutrição reforçada e ampliada, explicou que o projecto permitiu a capacitação de 41 profissionais de saúde e 120 agentes comunitários, estando a decorrer a formação de 32 mil e 139 mulheres em idade reprodutiva, adolescentes e mães de crianças menores de 5 anos.
Ainda na vertente formativa, Estela Louçã informou que estão em curso acções de capacitação e formação de resposta a potenciais catástrofes naturais e aspectos de nutrição, bem como um inquérito do diagnóstico da vulnerabilidade da segurança alimentar.
O Fresan, de acordo com a coordenadora, vai permitir a aquisição e instalação de duas estações meteorológicas no Curoca e Ombadja, a fim de complementar a recolha de dados sobre a temperatura do ar, humidade do ar e do solo, chuva/precipitação, assim como pressão atmosférica.
Segundo a gestora de projectos, o objectivo é permitir que o INAMET e o Serviço de Protecção Civil disponham de informação mais abrangentes sobre clima na província, de forma a poder actuar de forma preventiva na gestão de catástrofes.
Lançado em 2018, o Fresan tem o valor global de 64 milhões de euros, financiado pela União Europeia, destes 48,6 milhões sob gestão do Instituto Camões, destinado a programa de apoio às famílias afectadas pela seca e fome nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe.
Para a província do Cunene, sublinhou, estima-se um investimento na ordem dos 21 milhões de euros, tendo em conta que 44 por cento da população beneficiária do projecto reside nesta circunscrição.
Actualmente, disse que o projecto tem uma execução financeira de 39 por cento, correspondendo a oito milhões de euros, para implementação de 89 projectos em curso das 108 acções previstas.
Com o prazo de execução até Agosto de 2024, o projecto está a intervir em quatro componentes temáticas como a agricultura familiar sustentável, melhoria da nutrição e acesso à água, reforço institucional e o ensaio clínico/pesquisa sobre desnutrição crónica.
