Luanda – O secretário de Estado para Saúde Pública, Pinto de Sousa, reafirmou esta segunda-feira, em Luanda, a determinação do governo angolano em fortalecer as políticas públicas de saúde para tratar e prevenir doenças, garantindo alocação eficiente e responsável dos recursos.
O responsável representou a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, na cerimónia de abertura da acção formativa dirigida aos pontos focais provinciais da educação e da saúde, no quadro da campanha de administração de albendazol e praziquantel, a decorrer de 23 de Outubro a 3 de Novembro próximo.
A campanha visa a desparasitação contra a Schistosomiase e Geo-helmintíase em crianças dos 5 aos 14 anos de idade, em Angola.
De acordo com o secretário, esta é uma iniciativa estratégica que reafirma o compromisso político e institucional com a protecção dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes, especialmente o direito à saúde e à educação.
Referiu que o impacto dessas doenças não se restringe apenas ao bem-estar físico das crianças, mas afecta directamente o desenvolvimento do país, criando obstáculos ao progresso social e económico.
Sobre a saúde pública, asseverou que constitui um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável de Angola, uma vez que sem uma população saudável, não há progresso, não há desenvolvimento.
“A saúde das nossas crianças deve ser uma prioridade absoluta. Hoje, ao nos reunirmos aqui, estamos a reafirmar esse compromisso político com a construção de um futuro melhor, onde todas as crianças possam crescer livres dessas doenças debilitantes”, explicou.
Ressaltou que o governo de Angola, através do Ministério da Saúde e da Educação, está empenhado em responder a esse apelo com campanhas robustas de desparasitação, que fazem parte de uma agenda mais ampla de políticas públicas para a eliminação das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs).
O responsável falou da parceria com a Organização Mundial da Saúde e outras instituições internacionais, tendo considerado como uma peça-chave nesta estratégia que conta, também, com o engajamento local de técnicos de saúde, professores, pais, e comunidades.
Salientou que a escola, como espaço privilegiado de intervenção, torna-se uma arena crucial nesta luta, devido a oportunidade de intervir directamente na vida das crianças, levando não apenas tratamento, mas também educação sobre saúde.
Por isso, disse que o trabalho conjunto dos sectores da Saúde e da Educação é vital para o sucesso desta campanha que visa atingir três milhões 614 mil 116 alunos, com idade compreendidas entre os cinco aos 14 anos.
Conforme o secretário, a eliminação dessas doenças não é apenas uma questão de saúde, mas também de crescimento económico, desenvolvimento humano e de assegurar a competitividade de Angola no cenário global.
Acrescentou que investir na saúde das crianças e adolescentes é investir no futuro do país, na capacidade da próxima geração de ser produtiva, inovadora e capaz de contribuir para o progresso da nação.
Na sua óptica, o investimento em saúde pública trará retornos significativos a longo prazo, ao reduzir as taxas de absentismo escolar e melhorar os indicadores educacionais e de produtividade.
Aos participantes do workshop, enfatizou a importância destes enquanto agentes directos da mudança no país.
“Através das vossas mãos, as nossas crianças poderão escapar do ciclo de doença e pobreza que há décadas as aprisiona. O governo conta com cada um de vocês para aplicar os conhecimentos adquiridos e transformar as nossas comunidades, garantindo que cada criança angolana tenha a oportunidade de crescer saudável, livre de infecções que comprometem o seu futuro”, frisou.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que mais de 200 milhões de pessoas são infectadas anualmente por Schistosomiase e 1,5 bilhão por Geo-helmintíase.
Angola, sendo um país tropical, enfrenta um desafio ainda maior, uma vez que o mapeamento realizado pelo Ministério da Saúde em 2018/2019, com o apoio da OMS, revelou que 119 municípios são endémicos para Schistosomiase e 91 municípios para Geo-helmintíase, com uma prevalência igual ou superior a 50 por cento.
Argumentou que este quadro define essas doenças como uma crise de saúde pública no país, tornando uma questão de justiça social o combate as doenças que afectam principalmente as populações mais vulneráveis, criando um ciclo vicioso de pobreza e doença.
“Não podemos falar em crescimento económico, em avanços na educação, ou mesmo em equidade social, sem enfrentar esse desafio de frente”, concluiu.
A campanha de desparasitação escolar vai abranger 11 províncias, concretamente Benguela, Cabinda, Cunene, Lunda-Norte e Sul, Moxico, Namibe, Uíge e Zaire.
A mesma insere-se na subcomponente 1.1 de Saúde Escolar, enquadrada no Projecto de Empoderamento da Rapariga e Aprendizagem para todos PAT II.
No quadro da campanha, foram programadas acções de capacitação de 48 formadores provinciais da Educação e Saúde, que terão a missão de instruir 109 formadores municipais, assim como directores e pontos focais de escola, num total de 10 mil 156. CPM/OHA