Talatona – O psicólogo social Kikongo Wavita reafirmou, sexta-feira,em Luanda, que 68 por cento dos abusos sexuais cometidos contra menores em Angola ocorrem no seio das famílias.
Dos resultados referenciados, segundo ele, 20% das violências são perpetrados por pessoas conhecidas, como vizinhos, amigos da família e colegas e 12% por desconhecidos.
O especialista que falava à margem da palestra sobre "O papel dos pais na prevenção do abuso e agressão sexual", organizada pela Igreja Tocoísta, explicou que os casos só são frequentemente reportados quando os abusos resultam em uma gravidez.
Baseados em dados do programa "Ecos e Factos" da Televisão Pública de Angola (TPA), informou, que durante o primeiro e parte do segundo semestre deste ano, 223 casos de abusos sexual a nível nacional foram divulgados.
O psicólogo referiu que as principais causas das práticas estão relacionadas à desestruturação familiar, práticas de feitiçaria e ao silêncio das mães que preferem gerir internamente os casos, por temerem a perda do lar e por serem depedentes financeiramente.
Apelou para a realização de acções articuladas e coordenadas entre todos os actores que intervêm na cadeia do sistema de proteção da criança, com destaque para as famílias, com vista a reduzir tais práticas.
"Os pais precisam conversar com os seus filhos sobre sexualidade para que eles saibam como se defender de tais práticas", disse.
Mencionou que do ponto de vista psicológico, muitos abusadores apresentam transtornos mentais, frequentemente exacerbados pelo uso de substâncias psicoativas.
Ressaltou a importância da conscientização nas famílias e enfatizou o papel fundamental da Igreja Tocoísta ,em alertar a sociedade sobre o problema encorajando a denúncia.
O bispo auxiliar da Igreja Tocoísta Francisco Aguiar reiterou o compromisso da igreja em educar as crianças e orientá-las desde cedo a enfrentar os desafios que a sociedade apresenta e serem resilientes aos maus-tratos.
Por sua vez, o sub-inspector Domingos Figueiredo, chefe da brigada da Direcção de Atendimento ao Menor em Conflito com a Lei, destacou que as causas principais dos crimes cometidos por menores, como furto e agressão, estão associadas à desestruturação familiar e à violência doméstica.
Defendeu que para combater o fenómeno, é necessário reestruturar as famílias e intensificar as palestras preventivas dentro dos lares.GIZ/MAG