Chibia – Uma equipa do Ministério da Acção Social, Família e Igualdade de Género está a constatar, desde segunda-feira, a situação humanitária dos SAN da província da Huíla, tendo em perspectiva a implementação de um plano nacional de integração do grupo minoritário.
A delegação chefiada pelo secretário executivo do Conselho Nacional da Acção Social, Família e Igualdade de Género, Ângelo Kambera, enquadra-se no Plano de Desenvolvimento Nacional (2023-2027), com vista ao alcance das metas no domínio da protecção e defesa dos direitos das comunidades minoritárias, onde enquadram-se os vulgo “khoisan”, estando a trabalhar nos municípios de Quipungo, Cacula e Chibia.
Um dos objectivos do diagnóstico é de proteger e promover os seus direitos, que passam pela elaboração de um plano de inclusão social, no sentido de minimizar a carência humanitária e integrá-los no processo da agricultura familiar, educação e nos serviços de saúde.
Falando à imprensa, o secretário executivo do Conselho Nacional da Acção Social, Família e Igualdade de Género, Ângelo Kambera, sublinhou que o governo pretende com este tipo de diagnóstico às comunidades minoritárias fazer um censo para saber quantos são e onde estão.
Sublinhou que o trabalho de constatação dos SAN permitirá a elaboração de um plano nacional de inclusão e protecção deste grupo, já com este conjunto de informações recepcionadas por parte das comunidades, o governo conseguirá engendrar políticas para apoia-los.
“Durante a visita dialogamos com o grupo-alvo, contacto que serviu para auscultar as dificuldades ligadas à educação, saúde a inclusão produtiva, bem como a falta de terra para o cultivo e de inputs agrícolas”, - disse.
O município da Cacula comporta 67 famílias, Quipungo 205 e Chibia 81 pessoas correspondentes a 353 SAN, segundo dados do gabinete provincial da Acção Social, Família e Igualdade de Género.
Retrato histórico do grupo
Os “bushmen” (do afrikaans, buschjersman, “homens do mato”), em português traduzido para “bosquímanos”, foi o nome pejorativo dado a este povo, pelos primeiros fazendeiros europeus (Holandeses-Boers) a chegarem à região que os viam como uma tribo de selvagens.
Também conhecido por SAN, designação que alguns autores consideram, igualmente, pejorativa, pois teria sido dada por colonizadores Bantu, cujo significado é “aqueles que recolhem alimentos”.
Na realidade, eles denominam-se a si mesmos de “O Povo” e com razão, pois são a civilização mais antiga conhecida no Mundo, havendo registos arqueológicos da sua existência que remontam a 200 mil anos atrás o que faz deles os ancestrais de toda a humanidade.
Relatos históricos defendem que quando foram expulsos dos seus territórios ancestrais, lançaram uma maldição nas terras entre os rios Zambeze e Limpopo (actual Zimbabwe). Juraram que outros podiam ali viver, mas nenhum outro iria conseguir controlar a região e nunca haveria paz.
Em tempos idos, dominaram toda a região da África Austral, mas aos poucos, este povo de caçadores-recolectores “foram sendo empurrados” para as areias do deserto do Kalahari, onde a maior parte vive presentemente.
Primeiro foram enxotados pelos Bantu durante a sua expansão em África, rechaçando-os mais para o sul dos seus territórios, situação que agudizou-se com a chegada dos fazendeiros Boers holandeses. JT/MS