Catumbela – Uma embarcação de pesca artesanal, com dois pescadores, está desaparecida desde o dia 7 de Março na costa da província de Benguela, soube hoje a ANGOP.
O barco, designado por “Sachissokele”, com a matrícula 994AO, foi visto pela última vez há uma semana, quando os dois pescadores, com idades entre os 42 e 52 anos, se fizeram ao mar para a faina, desde a comuna da Praia do Bebé, no município da Catumbela, e não retornaram.
Em declarações hoje à ANGOP, o armador de pesca da Praia do Bebé, José Domingos, afirma que à medida que o tempo passa, aumenta a aflição da comunidade local.
É que, segundo ele, os dois pescadores deveriam regressar entre às 10 e 15 horas do dia seguinte, isto é, a 8 de Março, o que não aconteceu.
Explicou que o caso já foi reportado à Capitania do Porto do Lobito, mas desconhecem as acções em curso para busca da embarcação de pequeno porte que terá desaparecido na zona Norte da costa de Benguela, perto do Lobito.
José Domingos, igualmente proprietário da embarcação, diz haver informações desencontradas sobre o paradeiro dos dois pescadores.
"Só ontem, ouvimos uma notícia que um barco arrastão encontrou uma chata onde havia dois marinheiros", adiantou, frisando que ainda falta confirmar se os pescadores foram resgatados com vida por uma embarcação de pesca de arrasto.
Para ele, o maior problema é não haver nenhuma comunicação com eles, sete dias depois, uma vez que os telefones estão desligados, o que aumenta os receios da comunidade da Praia do Bebé.
O armador de pesca garante que a embarcação tinha combustível suficiente para aguentar pelo menos dois dias, em caso de algum imprevisto.
O caso de uma embarcação da Praia do Bebé que, depois de 20 dias à deriva, deu à costa de Luanda com os pescadores em vida, é sinónimo de esperança para José Domingos.
Familiares preocupados
O jovem César Marinho, filho de um dos pescadores desaparecidos, diz que, apesar do mau tempo em alto mar nos últimos dias, a expectativa é de que os homens estejam bem.
“Não temos sono”, reclama o jovem, visivelmente triste pelo desaparecimento do pai com quem ainda terá conversado minutos antes de partir ao mar, como habitualmente fazia.
Apesar dos receios, o jovem revela que a família ainda acredita que os dois pescadores venham a ser resgatados com vida.
Por seu turno, João Manuel Guilherme, administrador comunal da praia do Bebé, admite que as autoridades locais acompanham de perto a situação, uma vez que os pescadores desaparecidos são residentes da localidade.
Trata-se do segundo caso envolvendo barcos de pesca artesanal da Praia do Bebé, dois anos depois de uma embarcação desaparecer e apenas alguns pescadores foram resgatados com vida dias depois.
Agitação marítima
Além da forte agitação marítima na região, uma fonte da Capitania do Porto do Lobito associa estes incidentes ao facto de as pequenas embarcações violarem constantemente os limites da sua zona de pesca artesanal, ultrapassando quatro milhas autorizadas, com a apetência de capturar maiores quantidades de peixe.
Esta situação tem criado transtornos à Capitania, na tentativa de localização das embarcações desaparecidas em alto mar, perigando a vida dos pescadores durante os dias em que andam à deriva em alto mar com parcos meios de sobrevivência. JH/CRB