Lisboa (Da Correspondente) - Uma missa em memória ao Dom Alexandre Cardeal do Nascimento, falecido a 28 de Setembro último, em Luanda, foi realizada, nesta sexta-feira, na Basílica da Estrela, em Lisboa (Portugal).
Durante a missa, presidida pelo patriarca de Lisboa Rui Valério, foi enaltecida a figura de Dom Alexandre Cardeal do Nascimento, pelo contributo do bem estar às famílias angolanas.
Após a homilia, o patriarca de Lisboa Rui Valério disse à ANGOP que “não só Angola perde um filho, mas sim o mundo” e que muito cedo Dom Alexandre do Nascimento se dedicou a igreja e à causas humanas.
“A comunidade cristã chora a morte do Arcebispo emérito de Luanda. É uma perda irreparável de uma pessoa muito humanista e terei boas memórias dele”, referiu.
Por sua vez, a embaixadora de Angola em Portugal, Maria de Jesus Ferreira, enfatizou ser uma perda irreparável para o país.
“É uma figura incontornável da história de Angola recente. Sabemos qual foi o papel importante que ele desempenhou durante a vida, não apenas como homem de Deus dedicado a salvação das almas, mas sobretudo como cidadão que lutou pela justiça, dos direitos e liberdade, pelo direito de igualdade dos cidadãos angolanos, pelo direito a independência de Angola e sabemos que isso valeu-lhe o exílio em Portugal”, referiu a diplomata.
De acordo com a embaixadora Maria de Jesus Ferreira, Dom Alexandre Cardeal do Nascimento encontra-se actualmente entre as figuras dos filhos da nação que se pode considerar como grade patriota.
Falecido aos 99 anos, o também arcebispo emérito de Luanda, nasceu em Malanje, a 1 de março de 1925, e foi ordenado padre em Roma, onde estudou, a 20 de dezembro de 1952.
De regresso a Angola, foi professor de Teologia e jornalista, entre outras missões, antes de ser exilado de Angola em 1961, passando a residir em Lisboa.
Dez anos depois, o então sacerdote voltou a Luanda, onde assumiu funções como secretário-geral da Cáritas de Angola e presidente do Tribunal Eclesiástico de Luanda.
A 10 de agosto de 1975, Paulo VI nomeou-o bispo de Malanje, tendo sido ordenado a 31 do mesmo mês, na Catedral de Luanda; a 3 de fevereiro de 1977, foi nomeado para a nova Sé Metropolitana do Lubango.
A 15 de outubro de 1982 foi raptado – durante uma visita pastoral – por um grupo de homens armados, que o libertaram a 16 de novembro seguinte; foi criado cardeal a de 2 de fevereiro de 1983, por São João Paulo II.
O Papa polaco nomeou-o arcebispo de Luanda a 16 de fevereiro de 1986, tendo permanecido nessa missão até 23 de janeiro de 2001.
A missa contou com a presença de familiares, comunidade cristã, políticos, docentes, discentes, amigos e várias entidades, entre as quais membros do corpo diplomático acreditado em Lisboa, nacional e de países membros da CPLP. EJM/SEC