Huambo – Dificuldades no acesso aos fertilizantes, crédito bancário, formação técnico-profissional e a legalização de terras constituem as principais preocupações das mulheres de vários estratos sociais da província do Huambo, auscultadas, esta terça-feira, pelo governador Pereira Alfredo.
Durante as suas intervenções, de três a cinco minutos, manifestaram, ainda, preocupação com o mau atendimento nos hospitais, alta de preços da cesta básica, venda desorganizada de bebidas alcoólicas e outros produtos nas cantinas e nos passeios.
Com mais de quatro mil mulheres participantes, a auscultação decorreu no pavilhão multiuso Osvaldo Serra Van-dúnem, interior da cidade do Huambo, no âmbito do encerramento da jornada da Mulher Africana, aberta a 1 do corrente mês, sob o lema “Investir na educação: garantir o futuro das mulheres e raparigas em África”.
Na ocasião, a representante da Associação das Mulheres Empresárias da província do Huambo, Idalina Beatriz Chimuanga, disse que se assiste a grandes dificuldades e burocracia no acesso aos créditos bancários, o que não encontra reciprocidade e respaldo nas aberturas de financiamento anunciadas pelo Executivo angolano.
De forma sintética, lamentou a actual crise económica e financeira e inflação galopante, que inquieta o dia-a-dia das associadas, com consequências directas nos preços dos principais produtos da cesta básica e dos insumos agrícolas, gerando insucessos das mulheres que optaram por esta área empresarial e não só.
Para a directora do Ministério da Mulher da região Centro/Sul de Angola da Igreja Adventista do Sétimo Dia, Florinda Benjamim, males como a violência doméstica, elevado índice de desemprego, fuga à paternidade, entre outros, constituem os principais entraves que esta franja social e as famílias locais enfrentam.
Pediu, por isso, mais concertação e unidade entre as diversas franjas sociais e as entidades públicas, mediante a implementação de uma governação de proximidade, para a resolução de tais problemas, com foco no crescimento e desenvolvimento da província do Huambo e do país, no geral.
Em representação da sociedade civil, Catarina de Oliveira, salientou que as mulheres camponesas, que fazem grandes esforços para o sustento familiar, debatem-se com problemas de apoio para o desenvolvimento da agricultura familiar, da falta de título de propriedades de terras, para o acesso ao crédito bancário.
Referiu que, apesar dos grandes esforços empreendidos pelo Executivo angolano no sector da Saúde, regista-se muita falta de humanização, sobretudo nas maternidades e pediatrias, com muitos dissabores para as mulheres que lá ocorrem.
A representante da Liga de Apoio à Integração dos Deficientes (LARDEF) na província do Huambo, Anabela Sacaneia, lamentou o facto de se depararem com constantes barreiras arquitectónicas, comunicacionais, nos transportes, entre outras fundamentais para o exercício dos seus direitos e deveres na sociedade.
Propôs a formação de técnicos de saúde em línguas gestuais e a criação de cartões de consultas pré-natais com escritas em Braille, para facilitar a comunicação com pacientes auditivos e das mulheres com deficiência visual.
A representante da comissão de moradores do bairro Bem Morar, no município da Caála, Creusa Ferreira, pediu a melhoria da iluminação pública na via principal Huambo-Caála, para além do saneamento básico, segurança pública e o acesso à água canalizada.
Em resposta, o governador da província do Huambo, Pereira Alfredo, admitiu que os problemas apresentados nos vários sectores são visíveis e que serão resolvidos paulatinamente, com as devidas soluções, pois as mulheres são o garante da estabilidade das famílias.
Pediu às mulheres para criarem oportunidades de negócios, novas de atitudes, para o desenvolvimento familiar e social.
Assegurou o apoio ao micro-crédito às vendedoras ambulantes no âmbito do programa “Votoka mama zungueira”, expressão em língua nacional Umbundu, que significa “Levanta mamã zungueira”, uma iniciativa que tem empoderado esta franja social.
A província do Huambo possui apropximadamente dois milhões 830 mil 415 habitantes, distribuídos pelos municípios do Bailundo, Caála, Cachiungo, Chicala-Cholohanga, Chinjenje, Ecunha, Huambo, Londuimbali, Longonjo, Mungo e Ucuma. ZZN/JSV/PLB