Caála – O difícil acesso à água potável, principalmente, na época do cacimbo, contínua a deixar agastada a população da comuna da Calenga, localizada numa zona montanhosa do município da Caála, província do Huambo.
A situação, que perdura há vários anos, faz com que os habitantes percorram longas distâncias em busca de água numa represa, construída debaixo de uma das montanhas, assim como em pequenos sistemas de abastecimento.
Numa ronda efectuada, esta sexta-feira, pela ANGOP, os moradores da comuna da Calenga, 12 quilómetros a Oeste da cidade da Caála, consideram que a falta de uma rede de distribuição pública de água está na base do difícil acesso ao produto.
Por isso, solicitaram uma intervenção pontual do Governo da província do Huambo e da Administração do município da Caála, em particular, para se dirimir o problema, com níveis alarmantes.
O ancião, António Cassinda Sapi, de 78 anos de idade, disse ser urgente a resolução do problema de falta de água, pelo facto de pôr em causa a sanidade da população.
A cidadã Angelina da Conceição informou que a procura de água, tanto para o consumo doméstico, como para construção de habitações e rega de pequenas culturas, nesta época seca, tem feito com que muitas crianças deixem de ir à escola, para ajudar os pais nesta tarefa.
Reagindo ao facto, o director de Energia e Águas no município da Caála, Inácio de Sousa Pacheco, disse que a falta de água resulta dos constantes actos de vandalização dos pequenos sistemas de abastecimento, erguidos em vários bairros e aldeias.
Disse que em cada um dos bairros haviam sido instalados dois pontos de fornecimento de água, quer seja pela Administração municipal, quer seja pelos parceiros sociais, que, infelizmente, foram destruídos, com a retirada das placas solares, manivelas, bombas e outros equipamentos.
Sem detalhes, acrescentou que a situação tem causado enormes prejuízos financeiros ao Estado, para além de privar o fornecimento de água a várias comunidades.
Apesar da situação, referiu que as autoridades estão focadas na melhoria do acesso à água potável, através da recuperação dos sistemas actuais e construção de novos.
Inácio Pacheco disse estar em curso o estudo de um projecto de transporte de água bruta do Rio Yenguengue, para a vila comuna da Calenga, com previsão de ser implementado em 2025, numa parceria com a organização não-governamental Visão Mundial.
Apelou à população a preservar o património público e, ao mesmo tempo, a denunciar qualquer tentativa de vandalização ou qualquer acto que venha a pôr em causa o crescimento social e económico.
Refira-se que no domínio da energia eléctrica foi interligada, em 2021, à rede nacional de electricidade, com a montagem de 40 torres de média tensão, 12 Postos de Transformação (PT) e 43 postes de baixa tensão.
Com este feito, tornou-se na primeira das 37 comunas da província do Huambo a ter energia eléctrica do sistema de interligação à barragem de Laúca, província de Malange, a partir da central do Belém, na periferia da cidade do Huambo.
A comuna da Calenga, uma das quatro que compõem a divisão administrativa do município da Caála, é habitada mais de 60 mil habitantes, distribuídos em 53 aldeias, cuja agricultura é a sua principal fonte de subsistência familiar. MLV/JSV/ALH