Huambo – Os trabalhos de desminagem na área para a instalação da linha de transporte de energia eléctrica entre o município do Huambo e Longonjo, foram hoje, sexta-feira, concluídos.
A futura linha de transporte de energia visa interligar o sistema eléctrico do município do Longonjo, a partir da subestação eléctrica do Dango, arredores da cidade do Huambo para alimentar o projecto da Zango Minerais S.A de exploração das terras raras na montanha Tchimbilundo, devido a incapacidade da central híbrida da municipalidade, para responder a demanda.
Os trabalhos de desminagem foram desenvolvidos, nos últimos 19 dias, pelo Instituto Nacional de Desminagem (INAD), em parceria com a brigada B de Desminagem das Forças Armadas Angolanas (FAA).
No total, foram clarificados três milhões e 840 mil metros quadrados, correspondente a 48 quilómetros de comprimento e 40 metros de largura, onde foram removidos três engenhos explosivos não detonados.
A declaração da área livre de minas foi marcada com a entrega de um certificado de garantia e controlo de qualidade à empresa Enerline, encarregue pela execução do projecto.
O acto, orientado pelo director da Agência Nacional da Acção Contra as Minas (ANAM), Leonardo Severino Sapalo, enquadra-se nas comemorações dos 21 anos de Paz e Reconciliação Nacional em Angola, a assinalar-se no próximo dia 04 de Abril.
Em declarações à imprensa, o engenheiro eléctrico da Enerline, João Jondila, disse que com a conclusão do processo de desminagem, a sua empresa dará início dos trabalhos de sondagem do estado do solo, piquetagem e, posteriormente, a montagem das torres de transporte de energia de alta tensão.
Fez saber que, ao longo do trajecto, serão instaladas 140 torres para suportar uma linha de 220 quilowatt em termos de tensão e acima de 100 megawatts, com vista a suprir o défice apresentado pela central híbrida do município do Longonjo.
De acordo ainda com a fonte, o projecto será concluído no prazo de um ano e seis meses.
Por sua vez, o director da ANAM realçou, na oportunidade, que as acções de desminagem inserirem-se no processo de consolidação da Paz e Reconciliação Nacional, de modo a promover o desenvolvimento sócio-económico do país.
Sobre a área desminada, assegurou que a mesma se encontra totalmente livre de minas e com condições para o empreiteiro desenvolver os trabalhos de implementação do projecto, de forma segura.
Leonardo Severino Sapalo salientou, no entanto, que, apesar dos esforços que têm sido desenvolvidos, o país ainda conta com vastas áreas que apresentam risco de minas, sobretudo a existência de engenhos explosivos não detonados, o que tem causado muitas vítimas, entre feridos e mortos.
A Empresa Ozango Minerais, SA, sociedade de direito angolano, que resulta da parceria entre a empresa Pensana PLC (investidor actualmente no Reino Unido) e o Fundo Soberano de Angola, está no município do Longonjo desde 2018, onde desenvolve trabalhos de prospecção das pedras raras na montanha Tchimbilundo.
A montanha Tchimbilundo está localizada nos arredores da vila municipal do Longonjo, que dista a 68 quilómetros à Oeste do centro da cidade do Huambo.
Estudos recentes indicam que as terras raras são 17 elementos químicos da tabela periódica, com propriedades magnéticas fundamentais para a fabricação de equipamentos electrónicos.
As mesmas permitem, basicamente, a confecção de ímanes muito fortes, usados na memória dos aparelhos electrónicos. Detêm alta capacidade, muito superior à de outros metais.
Segundo estudos, ao contrário de outros metais, como o ferro, encontrado em grandes jazidas e de fácil extração, esses elementos estão muito dispersos, mas abundam mais que o ouro, presente em 0,00000031 % de cada 100g de crosta.
Trata-se de substâncias encontradas em concentrações relativamente baixas, que precisam ser escavadas e processadas com reagentes químicos, gerando um impacto ambiental pesado. VKY/ART
