Benguela – Os trabalhadores da Empresa de Água e Saneamento de Benguela (EASB) retomaram hoje, terça-feira, a greve iniciada na manhã desta segunda-feira (07), depois do anúncio de suspensão feito pela sua comissão sindical, constatou a ANGOP.
Os trabalhadores alegam que a comissão sindical da empresa fez o referido anúncio, sem antes ouvi-los em assembleia para análise das propostas da entidade patronal.
Nesta segunda-feira, após o anúncio de greve interpolada, o governador da província, Luís da Fonseca Nunes, reuniu com a direcção da empresa e a referida comissão sindical, com os quais definiu soluções para se abortar a greve.
Segundo a comissão sindical, o governador provincial terá assumido o compromisso de, doravante, garantir o fornecimento dos produtos químicos para tratamento da água, tendo ainda as partes acordado o pagamento dos salários atempadamente, contrariamente à realidade actual, em que o mês de Abril só agora foi pago.
A comissão sindical e a entidade patronal receberam igualmente garantias do governador no sentido de interceder junto de instituições públicas, nomeadamente hospitais, administrações locais e agentes detentores de jardins públicos,para liquidarem as suas dívidas, calculadas em mais de Kz 600.000,000.00, só no sector público, além do consumo domiciliar.
Além disso, a ANGOP apurou de fonte sindical que o governador da província e a entidade patronal prometeram trabalhar para assegurar o pagamento dos subsídios de saúde e de alimentação, assim como pretende-se a fusão das duas empresas de águas, mormente a de Benguela e a do Lobito, porque a estação de produção e tratamento é apenas uma, situada no município da Catumbela.
Deste modo, após a reunião com o governador provincial, em que este prometeu contactar os titulares dos pelos das Águas, João Baptista Borges, e das Finanças, Vera Daves, o responsável sindical, Cláudio Matias, dirigiu-se à Rádio Benguela e anunciou a suspensão da greve por um período de 90 dias, visando o cumprimento das conclusões do encontro, o que desagradou os trabalhadores.
A propósito, Edmilson Marcolino, trabalhador, disse à ANGOP que, de uma maneira geral, ninguém está a imputar culpas ao actual Presidente do Conselho de Administração, Paulo Jorge, interino no cargo devido a morte do anterior titular, Alberto Jaime.
Todavia, acrescentou, as primeiras negociações datam de 2014, daí não fazer sentido, na sua óptica, que a comissão sindical saia de uma reunião sem uma acta em mão e vá à Rádio Benguela anunciar a suspensão da greve por 90 dias, sem antes realizar uma assembleia de trabalhadores.
“Os trabalhadores são soberanos, aliás, ele mesmo é igualmente um trabalhador, por isso estamos a exigir a convocação de uma assembleia para analisarmos o que foi decidido na reunião com o governador Luís Nunes”, disse.
Vanucho de Almeida, outro funcionário, indicou que o primeiro encontro negocial data de 04 de Setembro de 2014, com a produção da primeira declaração de greve e, até aqui, foram se seguindo várias negociações.
Segundo o mesmo trabalhador, desde 2014, a EASB nunca actualizou o salário dos seus colaboradores, por isso, a 04 de Setembro de 2020, um caderno reivindicativo terá dado entrada na direcção da empresa.
Entre outras reivindicações, acrescenta Vanucho de Almeida, salienta-se a regularização das prestações à Segurança Social, uma vez que muitos trabalhadores não podem ser reformados por esta razão, a actualização salarial em 100 por cento, o pagamento do salário a 25 de cada mês, a actualização do qualificador ocupacional, aquisição de uniformes e outros equipamentos de protecção individual, além da actualização de determinados subsídios, como de transporte, alimentação e saúde.
“Caso o sindicato reconheça o seu erro e convoque uma assembleia de trabalhadores, todos irão comparecer. Caso contrário, a greve que termina nesta quarta-feira será retomada no dia 14 de Junho com a redução dos serviços mínimos que estão na ordem de 40 por cento”, concluiu.
A ANGOP procurou ouvir a direcção da Empresa de Água e Saneamento de Benguela, sem sucesso.