Lubango – No dia em que assinala cem anos como cidade, alguns dos mais antigos moradores do Lubango, capital da Huíla, sugeriram a expansão das obras de requalificação e do programa de saneamento aos bairros periféricos, para que a nova imagem se reflicta, também, nesses locais.
O Lubango completa hoje, quarta-feira, cem anos desde que atingiu a categoria de cidade, quando a 31 de Maio de 1923, o comboio do Caminho de Ferro de Moçâmedes venceu a cordilheira da Chela e apitou pela primeira vez no planalto da Huíla.
Em declarações à ANGOP, Horácio Reis, residente há mais de 60 anos, afirmou que o Lubango apresenta, no seu casco urbano, uma nova imagem, “fez-se muito” na requalificação, mas é preciso fazer mais, pelo que aguarda a segunda fase do processo.
Para ele, essas obras devem abranger, também, bairros “emblemáticos” como o Ferrovia, Santo António, Machiqueira, Dr. António Agostinho Neto, Laje, entre outros que estão ligados ao casco urbano.
“É preciso que estes bairros antigos liguem-se a todo sistema novo de saneamento, para evitar estrangulamentos em matéria de limpeza, pois actualmente a cidade está limpa, mas esses bairros estão uma lástima, basta ir ao Benfica e vê-se a forma como foi abandonado, o João de Almeida, o Tchioco, entre outros”, continuou.
O também jornalista destacou a necessidade de se repensar a circular que dá acesso ao tráfego pesado com destino ao Namibe, sendo que actualmente usa-se a que passa pela Serra da "Boca" da Humpata, uma via congestionada e que alternativa seria a via Quilómetro 16/comuna da Palanca, por detrás do Cristo Rei.
Outro citadino, Rui Telles, vive no Lubango há mais de 40 anos e elogiou as mudanças estruturais a nível de passeios, saneamento básico, melhoramento de estradas, remodelação do sistema eléctrico integrado, para melhoria da condição de vida das pessoas.
Ainda assim, frisou que essas melhorias devem agora expandirem-se aos bairros periféricos, uma vez que os mesmos continuam com aspectos degradantes, desde a danificação das vias de acesso no interior, condição de precariedade das residências, entre outras debilidades.
“As casas com poucas condições de habitabilidade devem ser melhoradas ou criadas facilidades para estas pessoas poderem reabilitá-las e terem condições condignas de habitabilidade”, manifestou.
O também presidente do Sporting Lubango reconheceu que os munícipes enfrentam ainda dificuldades de abastecimento de água e de energia, mas apela à paciência, por tais bens pressuporem encargos financeiro, mas que estão a merecer a atenção das autoridades.
Uma outra citadina é Júlia Celeste, natural e residente no Lubango há mais de 60 anos, que apontou ganhos significativos na educação, com o surgimento de novas escolas e mais equidade de género, bem como melhorias no saneamento básico.
A antiga secretária provincial da OMA, apontou, como ponto negativo, o mau atendimento e a falta de fármacos nos serviços de saúde públicos, um problema conjuntural do país, daí ter solicitado mais formação dos profissionais e a autonomia dos centros e postos médicos, para que eles mesmo possam adquirir de forma regular esses meios.
Apelou aos citadinos a fazerem a sua parte em prol do município, para continuar a ser a “Cidade Jardim de Angola”, mantendo as infra-estruturas conservadas, sem vandalização dos bens que são pertença de todos.
A cidade do Lubango planificada para 50 mil habitantes tem actualmente perto de dois milhões de habitantes, distribuídos por cinco comunas (Sede, Huíla, Hoque, Quilemba e Arimba), onde estão 22 bairros.
O nome Lubango vem da redução do nome do rei tribal (soba) dos muilas que tinha o nome de Calubango (ou Kaluvango), o então líder local, que recebeu a primeira expedição europeia nas suas terras. A área sob o seu domínio passou a ser denominada Terras do Calubango e, com o tempo, Terras de Lubango.
Em dia de centenário, a cidade vive um feriado municipal, decretado pelo administrador Lisender André. Com o acto central a acontecer na avenida do Lubango, bem às margens do rio Mukufi. EM/MS