Bailundo – A Cidadela Jovem do Sucesso, inaugurada a 19 de Janeiro de 2022, no município do Bailundo (Huambo), afigura-se como a solução e o garante de um futuro promissor de centenas de jovens e adolescentes em vulnerabilidade.
Trata-se de um projecto do Executivo angolano focado na melhoria das condições de vida e garantia de um futuro promissor, através da promoção de jovens em situação de vulnerabilidade na sociedade e no mercado de trabalho.
Sob a tutela do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP), a Cidadela Jovens de Sucesso, com uma capacidade para 220 adolescentes e jovens, dos quais 120 internato e igual número de externa, recebeu, antes da abertura, em Janeiro último, 300 solicitações de ingresso, porém, apenas 160 reuniram os requisitos para a admissão.
Entre os requisitos constam ser de uma família vulnerável, com a 6ª classe concluída e a idade compreendida, entre 14 e 17 anos.
O critério foi, primeiramente, visitar as famílias dos alunos, saber da sua condição socioeconómica, para serem integrados na sociedade com ofícios diversos.
Dos 160 alunos matriculados na 7ª classe, 65 estão em regime de internato e 95 externatos, nas especialidades de Serralharia, Electricidade baixa tensão, Carpintaria e de Informática.
Para além destas especialidades, os alunos são obrigados a obter conhecimentos gerais de Agricultura, para que, durante os três anos do ciclo formativo, isto é, da 7ª a 9ª classe, produzam alimentos para o auto-sustento do cento.
Construído numa área de oito hectares, nos arredores da vila municipal do Bailundo, com um investimento de um milhão 500 mil dólares norte-americano, o centro possui 22 professores, dos quais 14 do ensino geral, quatro para aulas técnicas nos laboratórios e igual número da área agrícola.
Possui uma zona escolar com três salas de aula, duas oficinas de carpintaria e serralharia e dois laboratórios de informática e electricidade, para além das áreas administrativas, refeitórios, balneários, campo de futebol, residência para funcionários, dois autocarros e outros equipamentos essenciais, para o normal funcionamento.
O empreendimento é uma estratégia do Executivo angolano, que visa a qualificação de adolescentes e jovens, sobretudo, de famílias carenciadas, para responderem a necessidade do auto-emprego nas comunidades longínquas do país.
A formação ministrada no local é uma combinação do modelo académico normal com o técnico-profissional de três anos em especialidades diversificadas, com foco na competitividade dos formandos.
O director pedagógico da Cidadela Jovens de Sucesso, Alberto de Castro Kessongo, frisou que, para além de conteúdos académicos normais, os alunos matriculados no centro têm as suas especialidades e, em comum, a formação geral da agricultura, perspectiva da manutenção da sua dieta alimentar diária.
Disse tratar-se de alunos de famílias vulneráveis dos municípios do Bailundo, Cachiungo, Chicala-Cholohanga, Huambo, Londuimbali e Mungo, seleccionados para formação na componente académica e profissional durante três anos.
Após o término do curso de três anos, realçou que os alunos beneficiarão de estágios profissionais diversos, de modo a facilitar a criação do auto-emprego.
Produção agrícola e avícola
Para além da formação técnico-profissional, a Cidadela Jovens de Sucesso está vocacionada na produção agrícola e avícola, para a dieta alimentar do centro, enquanto o excedente para a comercialização.
O objectivo, segundo o formador da área agrícola e avícola, António Walicala, é que após a conclusão da formação de três anos, os alunos vivam, também, do campo com dignidade.
No local, disse, é cultivado cenoura, batata-doce, cebola, repolho, tomates e tubérculos diversos, numa área total de quatro hectares, que serve, para além do consumo interno, igualmente, para a comercialização nos mercados formais e informais da província do Huambo.
Desde o início da cultura agrícola, no geral, informou, já foram produzidos cerca de 10 toneladas de produtos diversos, com o envolvimento directo de alunos e 24 trabalhadores do ramo, entre engenheiros agrónomos e veterinários, técnicos e auxiliares
Acrescentou que o centro tem a vantagem de produzir, também, em seis estufas, com 312 metros quadrados cada, sendo cinco para culturas diversas e uma para viveiros, com regadios, que permitem a criação de legumes e verduras, colhidas de três em três meses.
Informou que a perspectiva, nos próximos meses, é aumentar de quatro para oito os hectares cultivados, sobretudo, da cultura do milho, enquanto principal dieta alimentar.
Na parte avícola, António Walicala informou que, em média diária, são produzidos mais de dois mil ovos, em duas naves, com três mil galinhas, sendo mil 500 para cada uma delas, com o objectivo de fortalecer a dieta e a outra parte para a comercialização nos municípios vizinhos, como o Cachiungo, Londuimbali e Mungo.
O responsável fez saber que, a par da componente agrícola e avícola, foram, igualmente, montadas 50 colmeias, num processo que prevê colher, nos próximos quatro meses, cerca de uma tonelada do mel, uma acção que vai diversificar a cultura dos alunos no centro.
A satisfação dos beneficiários
Em declarações à ANGOP, os alunos afirmaram que os cursos ministrados vão ajudar a fomentar o auto-emprego nas comunidades, por serem zonas em que a formação profissional ainda não se faz sentir.
João Baptista Domingo, de 16 anos de idade, vindo do município do Cachiungo, matriculado no curso de Serralharia, disse que, para além de conteúdos da área de especialidade, tem aprendido a produção de culturas agrícolas diversas, como o repolho, alface, pimenta, tomates e outras essenciais do campo.
Por isso, após a conclusão do curso, espera abrir uma serralharia no Cachiungo, para o auto-sustento e o fomento da empregabilidade nas comunidades.
Por sua vez, Ernesto Satungo, de 14 anos de idade, natural do Bailundo, do curso de Electricidade, disse que tem aprendido como efectuar uma instalação eléctrica de baixa tensão trifásica e monofásica, ligações simples e compostas, comutação de escada e outras montagens essenciais da especialidade.
Já Constantino Solomba, de 17 anos, do Londuimbali, da área de Carpintaria, disse que a Cidadela Jovens de Sucesso traduziu o seu sonho em realidade, que é transformar a madeira em camas, cadeiras, guarda-fatos, mesas e outras mobílias domiciliares essenciais na sociedade.
O centro na visão do Rei do Bailundo
O rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga, afirmou que o empreendimento transformou a localidade como a capital da formação técnico-profissional desta região do Planalto Central do país, pois acolhe adolescentes e jovens do Cachiungo, Londuimbali, Mungo, Huambo e de outros pontos do país.
Na visão do soberano, por estar vocacionado para a formação de adolescentes e jovens de famílias vulneráveis, o centro vai, nos próximos tempos, fomentar, de forma significativa, o auto-emprego nas comunidades longínquas do país.
Por isso, enalteceu a estratégia do Executivo angolano que visa a realização de esforços orçamentais para a construção de infra-estruturas técnico-profissionais que beneficiam não apenas adolescentes e jovens de uma localidade, mas de diferentes municípios de famílias carenciadas angolanas.
O centro de formação profissional Cidadela Jovens de Sucesso, no município do Bailundo, veio juntar-se aos empreendimentos do género das províncias de Cabinda, Huíla, Luanda, Malanje, Moxico e Uíge, perfazendo um total de oito de construídos no país pelo Executivo angolano.
Trata-se de estruturas formativas tuteladas pelo INEFOP, cuja finalidade é dar formação profissional e educação escolar aos jovens mais desfavorecidos e apoiar famílias desestruturadas, visando a sua inserção na sociedade.
O objectivo do Governo angolano é que existam centros do género nas 18 províncias do país, de tal forma que a próxima Cidadela Jovens de Sucesso, cuja adjudicação já foi feita, será do Lucala, no Cuanza Norte. ZZN/ALH/VM
