Luena - Utentes dos comboios do Caminho de Ferro de Benguela (CFB), na cidade do Luena, denunciaram, esta quarta-feira, alegadas práticas de desorganização e tráfico de influência na comercialização dos bilhetes de passagem no traçado Moxico/Bié e Huambo.
Durante uma ronda efectuada pela ANGOP, na estação do Luena, as enchentes e o desespero eram visíveis no rosto dos utentes que almejam adquirir um bilhete de passagem.
De acordo com a cidadã Regina Domingos, proveniente da província da Lunda Sul, há mais de uma semana que desconsegue adquirir um bilhete de viagem com destino ao Bié, por alegadamente existir favoritismo na comercialização dos bilhetes.
“Várias pessoas, mesmo sem cumprir filas, conseguem comprar, mas nós continuamos a sofrer aqui, sem qualquer explicação”, lamentou.
No mesmo diapasão, a cidadã Josefina Quintas de 50 anos de idade, acompanhada de várias crianças, disse que há várias semanas não consegue obter uma senha, para estar habilitada a comprar a passagem.
"Está duro, não sabemos o que realmente se passa, passamos noites ao relento com crianças expostas ao frio, lixo e fome", salientou.
Já o cidadão Gervásio Miguel disse que, além das dificuldades que os utentes enfrentam na aquisição dos bilhetes, a direcção do CFB tem desrespeitado o limite de passageiros por cada carruagem, colocando em risco a saúde de centenas de pessoas que “ficam asfixiadas em espaços fechados.
O utente apela à direcção da empresa para a necessidade de se aumentar o número de frequências nesta rota.
A ANGOP tentou ouvir o pronunciamento do Conselho de Administração do CFB, mas sem sucesso.
Entretanto, algumas fontes apontam a redução do número de frequências e locomotivas como as principais razões do elevado número de procura.
Devido à falta de ligação rodoviária entre a Região Leste do país e o Centro do país, os comboios do CFB têm sido as únicas alternativas dos utentes das províncias do Moxico, Lunda Sul e Lunda Norte, que se deslocam para o Bié, Huambo e Benguela, transportando, semanalmente, milhares de pessoas.
No principio do corrente ano, o Executivo autorizou a asfaltagem de cerca de 715 quilómetros da EN250 (Estrada Nacional), no troço Munhango (província do Bié)/Luena/Leua/Cameia/Luau/Alto Zambeze/Lumbala Caquengue (província do Moxico). ISAU/ TC/YD