Luanda – O cónego Apolónio Graciano afirmou que os católicos estão condoídos, tristes e magoados com a morte de Dom Alexandre Cardeal do Nascimento ocorrida às 16 horas de sábado, em Luanda, vítima de doença, aos 99 anos de idade.
“Somos cristãos sim, homens de esperança, homens de fé, mas sabemos quanto está a ser difícil este momento, esta hora”, frisou.
Segundo o cónego Apolónio Graciano, o cardeal permaneceu alguns dias na unidade terapêutica intensiva da Clínica Girassol, onde acabou por falecer.
“Bem, neste momento, praticamente perdemos palavras, não temos palavras apropriadas para, de facto, retratarmos a dimensão do homem humano, a dimensão do homem cristão, a dimensão do homem que realmente soube marcar a vida da igreja e também do seu país”, disse.
Acrescentou que Alexandre do Nascimento amou Angola e a igreja, dando como exemplo os testemunhos de muita gente desfavorecida que o considerava como um pai.
Partiu o pai dos pobres, o homem que soube perdoar, amar os seus semelhantes, que teve palavras próprias para os momentos mais difíceis do seu povo, os mais delicados da própria igreja, sublinhou.
Alexandre do Nascimento nasceu na província de Malanje, a 1 de Março de 1925, e estudou nos seminários de Bângalas, de Malanje e de Luanda.
Em 1948, foi enviado para a Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde obteve o bacharelado em Filosofia e a licenciatura em Teologia, sendo ordenado Padre a 20 de Dezembro de 1952.
Enquanto padre, tornou-se professor de Teologia Dogmática do Seminário Maior Arquidiocesano do Sagrado Coração de Jesus, em Luanda, e redactor-chefe do Jornal Católico “O Apostolado”, entre 1953 e 1956, e exerceu a função de Pregador da Sé Catedral, de 1956 a 1961.
A 10 de Agosto de 1975, foi nomeado bispo de Malanje, sendo ordenado a 31 de Agosto de 1975, na Sé Catedral de Luanda,
A 3 de Fevereiro de 1977, foi promovido a Arcebispo Metropolitano do Lubango e administrador apostólico ad nutum Sanctæ Sedis da Diocese de Ondjiva.
A 5 de Janeiro de 1983 foi anunciada a sua criação como cardeal, pelo Papa João Paulo II, no Consistório de 2 de Fevereiro, em que recebeu o barrete vermelho e o título de cardeal-presbítero de São Marcos em Agro Laurentino.
Na sequência, Alexandre do Nascimento foi transferido para a Arquidiocese de Luanda a 16 de Fevereiro de 1986, tendo dirigido esta região até 23 de Janeiro de 2001.
Foi, também, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, entre 1990 e 1997, e a 5 de Junho de 2015 ingressou na Ordem dos Pregadores.
Ao longo da sua carreira foi reconhecido com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, entregue na Embaixada Portuguesa em Luanda, a 19 de Julho de 2010, e tem doutoramento Honoris Causa pela Universidade Católica de Angola (2019).
Em termos de obras, Dom Alexandre Cardeal do Nascimento possui “Após 15 anos, uma hora verdadeiramente eucarística nas ruas de Luanda : alocução feita no termo da procissão do corpo de Deus”, “Caminhos da Esperança”, “Como eu li o Livro de Rute”, “Diário íntimo e outros escritos de piedade”, “Do Conceito da Civilização e suas Incidências”, “Do homem sem fé – suas possibilidades e Limites – Segundo Francisco Suarez”.
Quanto a escritos pastorais, destaque para “Experiência constitucional angolana e a justificação dos direitos fundamentais”, “Livro de ritmos”, “Meditações para o ano Santo”, “Pequeno livro de Nossa Senhora” e “Sobre o belo e a Moral”. OHA