Huambo – O governador do Huambo, Pereira Alfredo, descreveu o Cardeal Dom Alexandre do Nascimento humanista e figura de alto sentido de ética e cidadania, que apostou na educação dos cidadãos como meio de promoção da igualdade e fraternidade.
O primeiro e único Cardeal de Angola faleceu a 28 de Setembro último, em Luanda, vítima de doença, aos 99 anos de idade.
Numa mensagem de condolências chegada à ANGOP, Pereira Alfredo considerou que o humanismo, o alto sentido de ética e cidadania, fizeram do Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, um combatente, que durante a sua trajectória, marcada por um profundo compromisso na justiça social e direitos humanos, promoveu a igualdade e a fraternidade entre os homens e os povos.
Referiu que o Cardeal, que abraçou muito cedo o sacerdócio, revelou-se num destacado servidor do Senhor ao longo dos seus 50 anos de ordenação episcopal, tendo contribuído com muita fé, sapiência e humanismo para a consolidação da Igreja Católica em Angola.
O governante, que diz ter tomado conhecimento da morte de Dom Alexandre com profunda dor e consternação, endereça à família enlutada e a Igreja Católica em Angola sentimentos de pesar.
Por sua vez, o arcebispo metropolitano do Huambo, Dom Zeferino Zeca Martins, disse que o falecimento do Cardeal Dom Alexandre do Nascimento constrange a comunidade cristã, porém, também alegra pelo facto de nascer para Deus e ali servir de intercessor.
Considerou o Cardeal como uma referência para a Igreja de Angola e, também, para a sociedade angolana, pois foi participe e protagonista da história do país, por ter defendido sempre os direitos e a dignidade da pessoa humana.
Os restos mortais de Dom Alexandre Cardeal do Nascimento serão sepultados no dia 8 de Outubro, na Sé Catedral da Arquidiocese de Luanda.
Alexandre do Nascimento nasceu na província de Malanje, a 1 de Março de 1925, e estudou nos seminários de Bângalas, de Malanje e de Luanda.
Em 1948, foi enviado para a Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde obteve o bacharelado em Filosofia e a licenciatura em Teologia, sendo ordenado Padre a 20 de Dezembro de 1952.
Enquanto padre, tornou-se professor de Teologia Dogmática do Seminário Maior Arquidiocesano do Sagrado Coração de Jesus, em Luanda, e redactor-chefe do Jornal Católico “O Apostolado”, entre 1953 e 1956, e exerceu a função de Pregador da Sé Catedral, de 1956 a 1961.
A 10 de Agosto de 1975, foi nomeado bispo de Malanje, sendo ordenado a 31 de Agosto de 1975, na Sé Catedral de Luanda,
A 3 de Fevereiro de 1977, foi promovido a Arcebispo Metropolitano do Lubango e administrador apostólico ad nutum Sanctæ Sedis da Diocese de Ondjiva.
A 5 de Janeiro de 1983 foi anunciada a sua criação como cardeal, pelo Papa João Paulo II, no Consistório de 2 de Fevereiro, em que recebeu o barrete vermelho e o título de cardeal-presbítero de São Marcos em Agro Laurentino.
Na sequência, Alexandre do Nascimento foi transferido para a Arquidiocese de Luanda a 16 de Fevereiro de 1986, tendo dirigido esta região até 23 de Janeiro de 2001.
Foi, também, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, entre 1990 e 1997, e a 5 de Junho de 2015 ingressou na Ordem dos Pregadores.
Ao longo da sua carreira foi reconhecido com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, entregue na Embaixada Portuguesa em Luanda, a 19 de Julho de 2010, e tem doutoramento Honoris Causa pela Universidade Católica de Angola (2019).
Em termos de obras, Dom Alexandre Cardeal do Nascimento possui “Após 15 anos, uma hora verdadeiramente eucarística nas ruas de Luanda : alocução feita no termo da procissão do corpo de Deus”, “Caminhos da Esperança”, “Como eu li o Livro de Rute”, “Diário íntimo e outros escritos de piedade”, “Do Conceito da Civilização e suas Incidências”, “Do homem sem fé – suas possibilidades e Limites – Segundo Francisco Suarez”.
Quanto a escritos pastorais, destaque para “Experiência constitucional angolana e a justificação dos direitos fundamentais”, “Livro de ritmos”, “Meditações para o ano Santo”, “Pequeno livro de Nossa Senhora” e “Sobre o belo e a Moral”. ALH