Cuito - Vinte e uma carruagens das mais de oitenta existentes na Empresa dos Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB) estão paralisadas, devido ao desgaste das rodas das locomotivas, obrigando a uma redução na transportação de passageiros, afirmou esta terça-feira, na cidade do Cuito (Bié), o Presidente do Conselho de Administração (PCA), Manuel Cabral.
Falando no encontro de cortesia que manteve com o governador do Bié, Pereira Alfredo, Manuel Cabral sublinhou que o desgaste tem a ver em grande parte com a antiguidade dos meios, salientando que a empresa já trabalha com os seus parceiros~.
Manuel Cabral condenou, por outro lado, a vandalização da linha férrea, assim como a colocação de objectos pesados com a finalidade de causarem acidentais fatais ou o descarrilamento das locomotivas, um pouco por toda linha.
Lamentou ainda o apedrejamento das carruagens, onde maior parte delas estão com os vidros quebrados, tendo solicitado ao Governo da província do Bié e sociedade civil a fim de intensificarem campanhas de sensibilização no sentido de reverter tal quadro junto das comunidades.
Por sua vez, o governador do Bié, Pereira Alfredo, destacou o papel que o CFB no desenvolvimento da província, defendendo a necessidade de aumentar mais locomotivas para corresponder com a demanda.
O CFB realizou, em 2020, dois mil e 13 comboios de passageiros em relação aos três mil e 814 de 2019, verificando-se uma redução de mil e 801, correspondente a uma diminuição de 47 por cento, devido à pandemia da Covid-19.
Sobre os passageiros, houve um registo de 579 mil e 750 comparativamente aos um milhão 24 mil e 924, em 2019, com uma redução de 445 mil e 174, correspondente a 43 por cento.
Quanto aos comboios de mercadoria, foram 350 deste ano contra os 260, em 2019, um aumento de 90, equivalente a 35 por cento.
As mercadorias transportadas em 2020 foram contabilizadas em 163 mil e 778 toneladas, comparativamente as 132 mil e 685 do ano passado, aumentando 31 mil e 93, equivalente a 23 por cento.
As principais mercadorias transportadas no tráfego nacional foram os materiais de construção, combustível, bebidas e gás liquefeito, enquanto, no plano internacional, a companhia transportou manganês, cobre e enxofre, provenientes da Zâmbia e RDC.
Durante o ano passado, a companhia fez um esforço financeiro para aquisição de peças e material sobressalente no mercado sul-africano, que resultou na recuperação de 67 vagões de diversos tipos.
Actualmente, o CFB conta com uma frota de 52 locomotivas, 84 carruagens e um total de 453 vagões.
Conta com mil e 308 trabalhadores, sendo mil e 12 homens e 296 mulheres.
Com 104 estações na ligação Benguela/Huambo/Bié e Moxico, as obras de reabilitação e modernização do CFB começaram em 2008, visou facilitar a circulação de pessoas e bens, sobretudo no escoamento de produtos do campo para o litoral e criar oportunidades de negócios.
Na província do Bié, a linha férrea tem um percurso estimado em 393 quilómetros, dos mais de mil existentes, passando pelos municípios do Chinguar, Cunhinga, Catabola, Camacupa, Cuemba até à comuna do Munhango, fronteira com a província do Moxico.
Nesta província, foram reabilitadas 13 estações nas localidades do Chinguar, Cutato, Capeio, Cunhinga, Cunje (a maior e principal estação do Bié), Chipeta, Catabola, Camacupa, Cuanza, Cueli, Cuiva, Cuemba e Munhango.