Benguela – Apesar do aumento de acidentes de trabalho, o número de mortes devido à sinistralidade laboral, na província de Benguela, caiu de três, em 2023, para zero, no ano passado, segundo a Inspecção Geral do Trabalho (IGT).
Os dados da Inspecção Geral do Trabalho (IGT) referentes à província de Benguela, a que a ANGOP teve hoje acesso, indicam que, em 2023, por exemplo, houve três casos fatais dos 38 acidentes laborais notificados pelas autoridades.
Quanto a 2024, a chefe da IGT em Benguela, Dulce Livongue, adiantou que a província de Benguela registou 61 acidentes de trabalho, mais 23 casos face a 2023, mas sem nenhuma vítima mortal.
Em declarações à ANGOP, a responsável avançou 52 acidentes leves e nove graves, sendo a indústria, o comércio e os transportes os sectores que dominaram a sinistralidade laboral em Benguela.
Embora haja uma tendência de aumento do número de acidentes laborais, a inspectora do trabalho desdramatiza o facto e afirma não haver motivos de alarme, pois as empresas estão a comunicar mais sobre estas ocorrências.
Segunda a responsável, antigamente, os trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho não sabiam a quem recorrer para reportar, mas hoje a situação é totalmente diferente por causa do aumento da cultura de denúncia.
“Ainda assim, apelamos aos trabalhadores para a cultura de denúncia, porque muitos são explorados por não conhecerem os seus direitos”, frisou.
Na base da redução de mortes, Dulce Livongue destaca a intensificação da sensibilização das entidades empregadoras e trabalhadores, principalmente no âmbito do Dia Mundial da Segurança no Trabalho em memória às vítimas de acidentes e doenças laborais, assinalado a 28 de Abril.
A seu ver, a IGT reforçou a sua acção junto das empresas, de tal maneira que cumpram com as normas de segurança, higiene e saúde no trabalho, de modo a evitar acidentes envolvendo trabalhadores.
É que, segundo ela, a IGT está cada vez mais acutilante e próxima das empresas, o que permite agir no reforço das medidas de prevenção dos acidentes de trabalho.
Ainda assim, também deplora o comportamento de algumas empresas que tendem a encobrir alguns acidentes de trabalho, o que não permite a sua notificação por parte das autoridades.
Porém, admite que, caso as empresas cumprissem as normas de segurança no trabalho, muitos destes acidentes não teriam acontecido durante o ano de 2024.
Sindicato preocupado
O aumento do número de acidentes de trabalho, principalmente em empresas do ramo da construção civil, deixa preocupado o Sindicato da Construção e Habitação em Benguela.
Cândido Victorino, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Construção e Habitação de Benguela, denuncia que algumas empresas de materiais de construção não asseguram Equipamentos de Protecção Individual (EPI´s).
Ou seja, acrescentou, os trabalhadores exercem as suas actividades sem o uso de luvas, máscaras e botas, o que compromete a sua segurança.
Segundo ele, as empresas chinesas lideram as irregularidades, sobretudo a falta de equipamentos de segurança no trabalho, o que leva à ocorrência de acidentes graves.
A título de exemplo, reportou o caso de um jovem, cuja mão ficou defeituosa em consequência de um acidente laboral numa empresa chinesa de produção de blocos, onde trabalhava.
E o mais grave, disse, é que o trabalhador, que era proveniente do Lubango (Huíla) foi despedido e a sua indemnização só foi resolvida pelo Tribunal da Comarca de Benguela. JH/CRB