Luanda - Aproximadamente três mil jovens angolanos beneficiaram de residências em projectos habitacionais públicos no país, entre 2020 a 2024, via Conselho Nacional da Juventude (CNJ), no quadro da quota de 20 por cento destinados à juventude.
A informação foi avançada à ANGOP, este domingo, pelo presidente do CNJ, Isaías Kalunga, no quadro do Dia da Juventude angolana, que hoje se assinala, tendo ressaltado que o processo aconteceu através das organizações de jovens do país.
O responsável disse que a entrega das residências obedeceu ao critério de patriotismo e de condições para pagar as referidas casas, de acordo com o contrato assinado no dia das atribuições das mesmas.
"Os jovens vão continuar a beneficiar das casas, mas têm que ter perfil ideal, porquanto temos que deixar de dar casas aos jovens que destroem os bens públicos e não possuem condições de pagar", acrescentou.
Isaías Kalunga negou ser critério principal de acesso aos projectos, por via do CNJ, a filiação ao partido no poder, pelo facto das casas serem construídas com fundos públicos e, naturalmente, devem beneficiar a todos angolanos sem desprimor da cor partidária.
"Não importa a sua cor partidária ou organização que pertence, se não for patriota e não tiver condições, não terá acesso a nenhuma residência, nós não temos nenhum elemento de descriminação aos patriotas que todos os dias pensam em ajudar para que o próximo viva bem ", frisou.
Garantiu que vão continuar a reivindicar a cota dos 20 por cento, além da venda geral para jovens, em todos os projectos habitacionais construídos pelo Estado.
Adiantou estarem a trabalhar com alguns empresários, proprietários de projectos habitacionais, que pretendem canalizar ao CNJ, pelo que apelou a mais actores do sector a criar políticas que favoreçam a juventude, de modo a continuar a realizar o sonho da casa própria dos jovens.
Chamou atenção ao Governo no sentido de não se focar apenas na construção de habitações, mas também na cedência de terrenos infra-estruturados, para que, desta forma, surjam bairros da juventude.
Situação do desemprego no país
Quanto ao desemprego, Isaías Kalunga disse ter noção da real situação no país, mas que o Executivo está a criar políticas para que haja mais emprego, mediante a captação de investimentos e mobilização do empresariado estrangeiro para criar trabalho para a juventude, cujos resultados têm sido positivos.
"Por outro lado, o emprego não deve ter só como alternativa o Estado ou numa multinacional, mas também deve-se valorizar todos os outros segmentos", falou.
Referiu que o CNJ tem ajudado centenas de jovens a conseguir o primeiro emprego, bem como a firmarem-se no mundo dos negócios, através do empreendedorismo, com a criação de facilidades para o acesso a créditos bancários.
Formação de jovens
Neste sentido, informou que o CNJ desenvolve, desde 2017, um programa de apoio à conclusão da formação no ensino médio e superior, dirigido a jovens de famílias carentes do país, estando nessa altura a beneficiar 63 mil jovens, quer com pagamento total da bolsa, quer como de forma comparticipada.
Disse que a visão é fazer com que os jovens possam ter uma formação facilitada, onde “o lavador de carro e engraxador de sapatos”, possam estudar e adquirir uma formação técnico profissional.
Neste quesito, disse que a organização possui convênios com instituições públicas e privadas.
Empreendedorismo jovem
Durante a entrevista, Isaías Kalunga falou também do empreendedorismo e considerou “excelente” o trabalho que o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP) tem feito, traduzido na promoção de diversos cursos, dirigidos a milhares de jovens, que têm se lançado no mundo do empreendedorismo.
Precisa-se, no seu entender, criar mecanismos para que estes tenham acesso ao financiamento, de modo que os resultados das iniciativas sejam mais visíveis. O INEFOP pode caminhar com instituições bancárias ou financeiras para a atribuição, cada vez mais, de kits de auto emprego aos recém formados.
Mensagem a juventude
Na parte final da conversa, endereçou uma mensagem aos jovens, aconselhando-os a não aderirem à narrativa de emigração porque a vida no país está difícil ou por alguém o ter feito. “Devemos emigrar para se formar e regressar ao país para ajudá-lo a crescer com o nosso saber, pois é com todos que se conseguirá desenvolver Angola”.
O dirigente juvenil considerou o jovem angolano patriota, humilde, sereno, honesto e trabalhador, apesar de, no meio desses, se destacarem também aqueles que, com ausência de valores, partem por vias menos adequadas para resolver os seus problemas. MGM/SJ/ART