Ondjiva - Mais de três mil angolanos refugiados na Namíbia por causa da seca e fome na região sul do país serão alojados na povoação de Calueque, província do Cunene.
Localizado a 196 quilómetros da cidade de Ondjiva, o Calueque situa-se na comuna de Naulila, município Ombadja, e é considerado estratégico devido ao seu potencial hídrico e eléctrico, sustentado pelas barragens do Calueque e do Ruacaná, bem como a proximidade com a Namíbia.
Uma comissão multissectorial governamental deslocou-se, esta quarta-feira, ao Calueque, para criar as condições de alojamento.
O governador em exercício do Cunene, Faustino Cortez, disse que o governo reservou uma área de 24 hectares, na zona divisória entre os municípios do Curoca e Ombadja, onde serão preparados 110 lotes para mil 200 pessoas, podendo-se aumentar em função do número de regressados.
Para além do realojamento, disse, foi criada uma área para o cultivo, onde as comunidades estarão inseridas na actividade agrícola de irrigação, acrescentando que será instalado no local um hospital de campanha com capacidade para 200 camas, numa área de quatro hectares.
Em consequência da fome, motivada pela seca, as autoridades namibianas enfrentam um fluxo migratório de mais de sete mil angolanos idos das províncias do Namibe, Cunene e da Huíla à procura de trabalho em campos agrícolas, pastorícias ou como empregados domésticos.
As regiões com maior concentração de angolanos são Owanguena e Omussati, Norte da Namíbia, com três mil 100 pessoas, seguindo-se as zonas de irrigação de de Etunda e Oshifo.
A seca cíclica no Cunene afecta actualmente 552 mil 638 pessoas, sobretudo nos municípios do Curoca, do Cuanhama, da Cahama e de Ombadja.