Luena – A Agência Nacional de Acção Contra as Minas (ANAM) apelou hoje, no Luena, província do Moxico, para as instituições públicas e privadas intensificarem a assistência médica, medicamentosa e económica às vítimas de minas no país.
O apelo é da chefe de departamento da Assistência de Vítimas de Minas da ANAM, Florinda António, feito durante um workshop sobre “Assistência de Vítimas de Minas no Moxico”.
A responsável reconheceu a necessidade de se ampliar a intervenção na assistência às vítimas de uma forma especial, bem como mitigar a divergência na definição de prioridades sectoriais aliada à disponibilidade de fundos.
Destacou o apoio prestado pelas instituições governamental e privadas, com entrega de materiais para agricultura, formação técnico-profissional, crédito e outros nesta franja da sociedade.
Durante o workshop sobre a Assistência de Vítimas de Minas no Moxico, a responsável sugeriu a a reactivação de actualização da base de dados das vítimas de minas no país, pois o último, o de 2014, apenas foi realizado em 9 das 18 províncias de Angola, tendo registado, na altura, nove mil e 600 pessoas.
Com isto, disse Florinda António, se terá maior compreensão da real situação das vítimas de engenhos e contará com a mobilização de mais recursos financeiros, por parte do governo e parceiros.
Zeca Tchimocomoco, ex-militar e vítima de mina, espera que o governo e outras organizações não governamentais locais e internacionais intensifiquem o seu apoio no programa de desminagem, pois a seu ver, há ainda imensos campos minados no país, principalmente na província do Moxico.
O vice-governador da província do Moxico para o Sector Político, Social e Económico, Victor da Silva, reafirmou o apoio as vítimas de engenhos explosivos, por meio de formação técnico-profissional, cedência de crédito através da banca para alavancar a actividade agrícola, negócio informal, e outros.
Já o representante da ANAM no Moxico, Chile Chicanha, reiterou o retorno de Programas de Educação para Prevenção de Acidentes com Minas nas escolas, por ser uma forma para diminuir os acidentes por minas no país.
Informou que em 2022 houve quatro acidentes no Moxico, que resultaram em três mortes, nove feridos graves e ligeiros, dos quais 11 foram crianças menores de 11 anos.
No ano em questão, um milhão 496 mil e 19 hectares de terras foram desminadas na província do Moxico, onde se desativou e destruiu cinco mil 260 munições, 404 minas anti-pessoal, 202 engenhos explosivos e seis anti-tanque.
Na região, o município do Moxico (sede provincial), Camanongue, Bundas e Alto Zambeze são as que têm maior índice de engenhos explosivos.
A conclusão do processo de desminagem em Angola, inicialmente indicada para 2025, foi estendida para 2028, devido a problemas de ordem financeira.