Lubango - Duzentos e 22 Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário (ADECOS) iniciaram hoje, terça-feira, a fazer um levantamento de dados de famílias das províncias da Huíla e do Cunene, para a pesquisa sobre a desnutrição crónica, no âmbito do projecto “Crescer”.
O Projecto Crescer é a IV Componente do Programa Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional em Angola (FRESAN), uma parceria entre o Governo de Angola e a União Europeia.
A iniciativa tem como objectivo contribuir para gerar evidências, disseminar e transferir conhecimento de estratégias, com vista a reduzir a desnutrição e a mortalidade em crianças menores de cinco anos nas províncias da Huíla e do Cunene, através da investigação operacional.
Dos ADECOS formados de Abril a Junho do ano em curso, 118 estão a trabalhar nos municípios de Chicomba e Jamba (Huíla) e 104 para Cahama e Cuvelai (Cunene), onde fazem um levantamento do número de residências, famílias, mulheres gestantes, entre outros dados cruciais para a pesquisa, trabalho que decorrerá até Setembro próximo.
A pesquisa é consubstanciada num ensaio clínico e será feita a partir de finais de Setembro do ano em curso, quando terminar o cadastramento. Será feita em 102 bairros identificados nos quatro municípios já referenciados.
A informação vem expressa num comunicado do projecto “Crescer” que a ANGOP teve acesso hoje, terça-feira, nesta cidade, declarando que cada ADECO vai trabalhar com 50 a 70 famílias da sua micro-área, em função da dispersão geográfica e com base nos dados populacionais fornecidos pelas administrações municipais.
Segundo o informe, serão cadastradas pessoas com o auxílio do Caderno de Família, haverá sessões de diálogo porta a porta, com prioridade à mulher grávida, do início ao fim da gestação.
Esse seguimento vai servir para recolher evidências científicas sobre as consequências da desnutrição crónica em crianças recém-nascidas e até os dois anos de vida, da desnutrição aguda e promoção de saúde.
A ideia, segundo o comunicado, é determinar através da pesquisa operacional, o tipo de estratégias e intervenções de alto impacto, equitativas e escaláveis para a nutrição, a fim de prevenir ou mitigar os riscos associados à desnutrição crónica.
De acordo com os resultados do Inquérito aos Indicadores Múltiplos de Saúde (IIMS 2015-2016), em Angola, mais de 2.1 milhões de crianças (38 por cento de menores de cinco anos) apresentam desnutrição crónica, o que pode ter um impacto no seu desenvolvimento geral e cognitivo.
Na província da Huíla, este dado sobe para 44 por cento, quase uma de cada duas crianças, e 39 por cento no Cunene, o que se apresenta como um problema de saúde pública desafiante, daí que o projecto Crescer pretende contribuir para dar algumas respostas ao problema de desnutrição crónica.