Cuito – O Gabinete da Acção Social, Família e Igualdade do Género do Bié sugeriu hoje a integração de um especialista em psicologia no sector, para assegurar o processo de aconselhamento familiar, com vista a evitar implicações judiciais.
Segundo o director provincial em exercício deste gabinete, Ricardo Siassingui, um psicólogo poderia ajudar, de antemão, na resolução dos conflitos, sem ter a necessidade de os casos chegarem à justiça.
Falando à imprensa, pouco depois do acto que marcou as celebrações do Dia Internacional da Família, assinalado hoje, segunda-feira, o responsável entende que, quando os casos são encaminhados à justiça, as chances de reconciliação são diminutas.
Defendeu, também, a necessidade de existir na instituição outro especialista em direito, para auxiliar igualmente nos processos de aconselhamento das famílias em conflito.
Só de Janeiro deste ano à presente data, esse gabinete recepcionou 64 casos de violência doméstica, consubstanciadas nas agressões físicas e verbais, fuga à paternidade e abandono familiar, este último, com um registo de 50 casos registado, mais 11 em relação ao mesmo período do ano anterior.
Para se acabar de uma vez por todas com este fenómeno, Ricardo Siassingui destacou a necessidade das famílias estarem mais unidas, colocarem o diálogo em primeiro lugar na resolução dos problemas.
Para ele, a medida vai, sem dúvidas, fortalecer os lares e consequentemente as famílias no seu todo.
Religiosos realçam falta de entendimento entre as famílias
Abordado pela ANGOP, o padre da Paróquia São Lourenço, da Sé Catedral do Bié, Peniel Feliciano Nilú, entende que a causa principal dos elevados casos de violência doméstica está na falta de entendimento, motivado pela ausência do diálogo.
Para ele, a responsabilidade de cuidar dos filhos é atribuída a quem os gerou, por isso, a igreja mostra-se preocupada com o elevado número de casos de abandono familiar e de menores.
Em função disso, a igreja apela aos órgãos de direito a criarem políticas para se reverter a situação.
Contudo, o prelado disse haver outras famílias que preservam os valores morais, dos quais os pais e outros responsáveis estão preocupados com a união e educação dos filhos.
Por sua vez, o pastor da Igreja do Bom Deus no Bié, José Luís, recomendou às famílias a incutirem no seio dos seus membros o espírito de amor ao próximo, para se evitar casos de violência doméstica e outras agressões.
Dados da Conservatória de Registo Civil do Cuito apontam que, de Janeiro a presente data, realizaram-se 120 casamentos, destes quatro deram entrada com pedidos de divórcios.LB/PLB