Luanda – Uma colectânea de textos de vários autores angolanos, intitulada “Letras sobre as Línguas de Angola", foi lançada este sábado, em Luanda, numa iniciativa da Academia Angolana de Letras.
A obra, patrocinada pela Fundação Bornito de Sousa, foi editada pela Academia Angolana de Letras e organizada pelos escritores Paulo de Carvalho e António Quino.
A colectânia reúne textos de autoria de Amélia Mingas, Aníbal Simões, António Quino, Bornito de Sousa, Deolinda Rodrigues, Filipe Zau, Mbiavanga Fernando, Manuel Muanza, Márcio Undolo, Paulo de Carvalho e Virgílio Coelho, com uma abordagem pluridisciplinar a respeito das línguas de Angola.
Com 237 páginas, o livro, repartido em 12 capítulos, tem uma tiragem inicial de 1000 exemplares e aborda, entre vários temas, a relação entre a língua e a sociedade, a literatura, o bilinguismo e a educação bilíngue.
Em declarações à imprensa, o ministro da Cultura, Filipe Zau, lembrou que o regime colonial introduziu os seus idiomas ou línguas na escolarização e função administrativa, bloqueando naturalmente o desenvolvimento das línguas autóctones.
Referiu que as identidades dos grupos etnolinguísticos angolanos resistiram às políticas assimilacionistas e que, hoje, ao nível do discurso pedagógico já se entende que uma maior promoção e difusão do português, como língua oficial e de escolaridade, passam necessariamente pela cooperação entre a língua portuguesa e as africanas predominantes no país.
Por sua vez, Paulo de Carvalho frisou que a obra “Letras sobre as línguas de Angola” é o primeiro livro da colecção da Academia Angolana de Letras, lançado com objectivo de provocar debates sobre a convivência entre várias línguas de Angola.
“Existe uma língua oficial e várias línguas que não são oficiais, mas que são línguas maternas de uma grande parte dos habitantes. Então, é possível também que, a nível da política do Estado, se redefina o papel das línguas nacionais”, disse.
O escritor disse que a Academia de Letras apresenta várias sugestões relacionadas com a possibilidade de haver mais de uma língua oficial em Angola, seja a nível nacional ou por regiões.
Na ocasião, o professor Mbiavanga Fernando, que participou na elaboração do livro, avançou que a obra aborda questões da língua e traz a unificação e discussão em torno do desenvolvimento desta. AB/OHA