Luanda - A Academia Angolana de Letras (AAL) defendeu hoje, em Luanda, a introdução das línguas nacionais, tal como a língua portuguesa, no sistema angolano de ensino.
Em entrevista à ANGOP, a ser publicada em breve, o presidente da academia, Paulo de Carvalho, lamentou o facto de passados cerca de 50 anos da proclamação da independência, quase nada se fazer para mudar o quadro, apesar dos muitos apelos.
Lembrou que, neste momento, o português é a única língua oficial de Angola.
A academia é a favor da introdução de mais do que uma língua oficial, pois pensa que as línguas nacionais deviam, várias delas, ser “línguas oficiais”.
Na sua proposta, a AAL apresenta uma solução que passa pela divisão do país em regiões linguísticas.
“Cada região poderia ter duas ou três línguas oficiais, e não apenas o português, dependendo da importância de cada língua nacional nessa mesma região”, apontou.
De acordo com um dos princípios da sociolinguística, a criança deve ter acesso à instrução na sua língua materna, na sua língua primeira.
“Infelizmente em Angola temos, à partida, algumas crianças prejudicadas, porque não têm no português a sua língua materna, portanto, essas crianças deveriam ter acesso à instrução na sua língua”, disse.
Revelou que Angola tem casos de, pelo menos, sete línguas que deveriam ser consideradas regionalmente como línguas oficiais.
“Estamos a chegar aos 50 anos da proclamação da independência e quase nada foi feito nessa direcção, nesse sentido”, lamentou.
Constituída em Setembro de 2016, a AAL é uma associação sem fins lucrativos, de carácter cultural e científico. É também uma instituição literária que possui na sua guarida a responsabilidade pela edição de obras de grande valor histórico e literário.
Paulo de Carvalho que concorre à sua sucessão nas eleições de sexta-feira (4 de Outubro), como cabeça da lista única, é o segundo presidente desta associação. O primeiro foi o escritor Boaventura Cardoso. IA