Luanda - Três mil pessoas com insuficiência renal estão a receber tratamento nos centros de hemodiálise no país, informou, esta quinta-feira, em Luanda, o presidente do Colégio de Nefrologia da Ordem dos Médicos, José Malanda.
Em entrevista à ANGOP, no quadro do Dia Mundial do Rim, que hoje se assinala, o especialista disse que do total referido, 2.700 já esta no sistema de diálise regular.
Avançou ainda que a maioria dos pacientes se encontra numa faixa etária entre os 18 aos 45 anos.
Frisou que, para este ano, foi escolhido o lema “diagnosticar e educar mais sobre a doença do rim” devido o desconhecimento da patologia por em muitos cidadãos, principalmente os factores de risco que levam a hemodiálise .
De acordo com o José Malanda , apesar de se ter esse registo de pessoas a fazer diálise, deve-se levar em conta o grupo de pacientes que não fecharam o diagnóstico e desconhecem que têm a doença .
“O número de pessoas em tratamento parece ser pouco, mas existe um grupo número de pessoas que precisa ser identificado para se tratar”, afirmou.
Para si, há necessidade das pessoas conhecerem os sinais da doença para evitar grandes complicações, podendo levar a morte, pois a taxa de mortalidade ronda entre 18 a 20 por cento. .
O médico informou ainda que muitos doentes estão inscritos num sistema denominado “quadro agudo”, por adquirirem outras patologias associadas, entre elas a malária .
Apontou o diagnóstico precoce como fundamental para se reverter o quadro e o paciente poder ter uma vida normal .
“Recebemos muitos casos de pessoas com problemas dos rins, mas quando o diagnóstico é feito adequadamente e antecipadamente o doente tem grandes chances de cura “, garantiu.
Causas da doença
O médico ressaltou que o consumo excessivo de álcool, histórico de doenças cardiovasculares, tais como acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, doença coronariana e o uso de determinados medicamentos são alguns dos factores para causar problemas dos rins.
Apontou ainda a diabetes, hipertensão, gordura no sangue, obesidade e tabagismo.
O rim controla a quantidade de água e sal do corpo, elimina as toxinas, ajudam a controlar a hipertensão arterial, produz hormônios que impedem a anemia e a descalcificação óssea, bem como elimina alguns medicamentos e outras substâncias ingeridas.
Os sintomas podem ser incluir inchaço, náusea, fadiga, coceira e dificuldades em respirar. As complicações graves incluem insuficiência cardíaca e altos níveis de potássio no sangue.
Insuficiência renal em crianças
O Nefrologista enfatizou que cerca de cinco por cento dos doentes renais são crianças.
Muitas dessas crianças, disse, tiveram um diagnóstico tardio da malária, evoluindo para insuficiência renal crônica e outras nasceram com má formação congênita e devido a obstrução do sistema urinário por infecções de repetição contraem a doença.
“Existem vários sinais e sintomas e os pais devem estar atentos, naqueles casos em que a criança acorda constantemente para urinar e quando o faz criar bastante espuma” alertou.
Deve ter ainda em atenção caso o filho ao acordar tenha o rosto muito inchado (empapuçado) e ao longo do dia ao brincar inflamar os pés.
Exortou aos pais em caso de suspeita a levá-los rapidamente a uma unidade hospitalar para despiste da doença.
Descoberta da doença acidentalmente
José Malanda informou que acima de 70 por cento dos pacientes que fazem diálise o diagnóstico é acidental.
Muitos doentes descobrem que têm problemas renais através de uma consulta de oftalmologia ou até de uma alteração hipertensiva.
O fundo do olho, aclarou, é considerado o espelho do corpo e as doenças que afectam os vasos sanguíneos, por norma, atacam este órgão.
Alguns oftalmologistas recebem pacientes que tiveram diminuição da acuidade visual e acabam por encontrar lesões características nos vasos sanguíneos e com um exame de uretra e creatinina se detecta insuficiências renais.
O quanto ao transplante, afirmou que ao chegar ao país vai ajudar e trazer mais esperança de vida e bem como impedir que muitos pacientes entrem em regime constante de diálise. EVC/ART