Lubango – Um projecto de recolha, tratamento e reintegração familiar de doentes mentais de e na rua da cidade do Lubango, já tirou das ruas 113 pacientes, 91 deles diagnosticados com problemas de fórum mental e foram internados.
O projecto implementado em Março de 2020 pela Psiquiatria do Lubango, em colaboração com a Administração Municipal, através da direcção da Saúde, Polícia Nacional e o Gabinete Provincial da Acção Social, Família e Igualdade de Género.
Só em 2020, na sua primeira fase, foram recolhidos 103, dos quais 80 tiveram problemas de fórum mental, desses actualmente permanecem internados no hospital 34, os restantes foram reintegrados nas suas famílias, já curadosados.
A iniciativa foi interrompida em 2021 por razões técnicas e foi retomada em 2022, com 12 doentes recolhidos, na segunda fase, dos quais 11 com critério de internamento. Desses três tiveram alta hospitalar e reintegrados nas suas famílias, disse hoje, quarta-feira, a directora-geral da Psiquiatria do Lubango, Madalena Nachovano Francisco.
Em declarações à ANGOP, a responsável disse que o projecto é uma preocupação antiga do governo da província em inverter o quadro de dementes a deambular pelas ruas sem assistência, mas atrasou a sua implementação, porque não havia um local condigno para os acomodar.
A gestora disse que dos doentes recolhidos, mais de 20 não tinham problemas mentais, outros são pessoas com problemas de fórum social, outros abandonados pelos familiares.
Manifestou que quando se faz a recolha, faz-se a triagem e todos os que têm critério para internamento, alguns mesmo sem necessidade de os internar, os familiares exigem o procedimento, o que não tem sido possível.
“O hospital não é um albergue, onde se traz as pessoas doentes e as mesmas têm de ficar por tempo indeterminado. Fazemos a nossa parte, mas depois de recuperados devem estar no seio das suas famílias”, adiantou.
Madalena Nachovano Francisco defendeu que as famílias e outras instituições devem compreender a situação e colabor com a unidade para não fugir do seu foco, que é tratar do doente e posteriormente reintegrá-lo na família.
Fez saber que a reintegração do doente é feita na presença do enfermeiro e do psicólogo, na qual este último faz um trabalho de sensibilização na família, pois os familiares ainda reagem mal quando o seu familiar é levado à casa e muitos recusam-se recebê-los.
Frisou que a recolha tem sido permanente, mas notam que quanto mais o fazem, mais reaparecem alguns nas ruas, um claro indicador de que as famílias não têm estado a cumprir com as suas responsabilidades.
O hospital psiquiátrico do Lubango está localizado na Eywa, comuna da Arimba, a cerca de 20 quilómetros da cidade do Lubango, província da Huíla.
A unidade tem um quadro pessoal de 121 trabalhadores, destes seis médicos, cinco nacionais de clínica geral, uma psiquiatra cubana, dois psicólogos clínicos, 43 enfermeiros, dos quais uma cubana, 25 técnicos de diagnóstico e terapêutica, 16 administrativos, 27 auxiliares hospitalar e quatro vigilantes.