Primeiro registo oncológico da base populacional pronto este ano

     Saúde              
  • Huíla • Quinta, 18 Janeiro de 2024 | 10h53
Irina Jacinto, directora-geral da maternidade "irene Neto"
Irina Jacinto, directora-geral da maternidade "irene Neto"
Morais Silva - ANGOP

Lubango - O primeiro registo oncológico de base populacional, no país, em curso na Huíla, desde Janeiro de 2022, vai ser divulgado ainda este ano pelo Observatório Global do Cancro, onde estão as estatísticas da doença no mundo.

O registo, o primeiro do género que o sistema de saúde da Huíla faz, começou a ser feito em Janeiro de 2022, a base está instalada no hospital central do Lubango “Dr. António Agostinho Neto” e para além desta unidade, três outras notificam os casos, nomeadamente o Centro Evangélico de Medicina do Lubango (CEML), a maternidade “Irene Neto” e a pediatria “Pioneiro Zeca”.

Em 2023 foram diagnosticados nessas unidades mil e quatro casos, destes, 880 são da Huíla. A taxa de incidência do cancro na Huíla, nesse período, foi de 30,5 por 100 mil habitantes em ambos os sexos, enquanto a de morbilidade proporcional por sexo foi de 43,7% para os homens e 56,2% para as mulheres.

Houve 143 falecidos (16,2% do total de casos), 112 por cancro e 31 com cancro, ou seja, 112 pacientes (78,3 % dos falecidos) tiveram como causa primária de morte o cancro.

Já em 2022 foram registados 843 casos, destes, 730 são da Huíla. A incidência da doença no ano foi de 22,9 por 100 mil habitantes, em ambos os sexos. A taxa de morbilidade proporcional por sexo foi de 42,7% para os homens e 57,2% para as mulheres.

Há o registo de 141 falecidos (19,3% do total de casos), 112 por câncer e 29 com cancro, ou seja, 112 pacientes (79,4 % dos falecidos) tiveram como causa primária de morte cancro.

Em entrevista à ANGOP, a directora-geral da maternidade “Irene Neto”, Irina Jacinto, disse que o objectivo é divulgar o que está a ser feito  do ponto de vista do tratamento oncológico na Huíla é conseguir financiamentos para melhorar a questão do diagnóstico, do tratamento e do acompanhamento no país, através dessa acção pioneira.

“O registo de base populacional é um compilado da estatística de todos hospitais de uma determinada patologia, no caso do registo de base populacional estão unidades que têm algum tipo de serviço voltado ao câncer, onde são levantados os diagnósticos, o tratamento que é feito e se o paciente ainda vive ou não”, disse a médica cirurgiã oncológica.

Segundo a fonte, isso permite tirar dados fundamentais sobre a doença, o tratamento e a letalidade, ou seja quantas pessoas morrem por causa dessa doença, para que esses números façam parte da estatística mundial e que sejam reais, ao contrário das estimativas feitas actualmente.

É um processo, segundo a médica, que envolve custos e tem em conta as variáveis idade, proveniência, tipo de doença, topografia, como foi feito o diagnóstico e depois os dados vão ser agrupados para gerar a estatística.

“A melhoria do diagnóstico do cancro vai ajudar a luta para que a doença possa ser considerada prioritária, se tivermos a falar de medidas de saúde pública, pelo que é é preciso entendê-lo e aceitar que ele existe e mata”, sustentou Irina Jacinto.

Disse ser um exercício que depende de um esforço e das políticas locais, daí que aposta-se na divulgação, para que as pessoas percebam que a doença oncológica não é um mito, sublinhando que na maternidade aparecem tipos ligados ao aparelho reprodutivo da mulher, como o da mama, do colo uterino, pois a cada dez consultas, quatro têm o diagnóstico positivo.

A faixa etária mais afectada, conforme a entrevistada, vai de 22 anos em diante. “Aparecem cada vez mais mulheres muito novas com o cancro da mama, que do ponto de vista  da apresentação do cancro são ocorrências muito precoce, uma coisa que a literatura ainda não ratifica”, disse.

Irina Jacinto assinala que a razão desta faixa etária precisa ainda ser estudada, mas pode-se inferir que provavelmente aquilo que diz os estudos, quando o cancro acontece em mulheres com idades muito novas, provavelmente tenha uma mutação dos genes que herdaram de alguém da família.

A Huíla tem apenas uma cirurgiã oncológica, a directora da maternidade, mas o sistema de saúde, segundo a entrevistada, trabalha na questão da formação para não deixar de prestar esse cuidado.

Recentemente, a médica foi convidada, pela primeira vez, pela Organização Africana de Pesquisa e Treinamento em Cancro (AORTIC), um organismo Pan-africano fundado em 1982, de carácter multidisciplinar para pesquisa e treino, dedicado à promoção do controlo e tratamento da doença em África.

Durante a sua 14ª Conferência Bienal, entidade que congrega cerca de 120 países de África, Europa, América do Norte e Ásia, em Novembro de 2023, em Dakar, Senegal a médica teve a sua primeira participação.

Irina Jacinto disse ser uma semana intensa de troca de experiências e de elevação dos problemas em África que são similares, começando com a exiguidade de profissionais voltados à área oncológica. 

De entre os 10 tipos de cancro mais frequentes nessas unidades da Huíla, estão o da bexiga, anexos uterinos, dos ossos, do esôfago, da mama, da pele, do colo do útero, do cérebro e da próstata. MS





Fotos em destaque

Prevenção de acidentes rodoviários vence prémio da feira tecnológica

Prevenção de acidentes rodoviários vence prémio da feira tecnológica

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 12h04

Mais de quatrocentos reclusos frequentam ano lectivo no Bentiaba (Namibe)

Mais de quatrocentos reclusos frequentam ano lectivo no Bentiaba (Namibe)

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 12h01

Angola sem registo de casos da varíola dos macacos

Angola sem registo de casos da varíola dos macacos

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h54

Divisão das Lundas fruto da estratégica de Agostinho Neto

Divisão das Lundas fruto da estratégica de Agostinho Neto

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h50

Merenda Escolar chega a mais de três mil crianças dos Gambos (Huila)

Merenda Escolar chega a mais de três mil crianças dos Gambos (Huila)

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h45

Nhakatolo Ngambo torna-se na 6ª rainha do povo Luvale

Nhakatolo Ngambo torna-se na 6ª rainha do povo Luvale

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h41

Parques nacionais de Mavinga e Luengue-Luiana com mais de 10 mil elefantes

Parques nacionais de Mavinga e Luengue-Luiana com mais de 10 mil elefantes

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h37

Angola produz óleo alimentar acima de cem por cento

Angola produz óleo alimentar acima de cem por cento

 Terça, 17 Setembro de 2024 | 11h34


A pesquisar. PF Aguarde 👍🏽 ...
+