Luanda - Mil 917 pacientes com lepra estão em tratamento no país, informou hoje, segunda-feira, o coordenador nacional do Programa de Controlo e Combate da Lepra, Ernesto Afonso.
Falando à imprensa sobre o Dia Mundial da Luta Contra a Lepra, comemorado no último domingo de Janeiro, o coordenador referiu que perto de 700 são casos novos.
Ernesto Afonso explicou que o total de doentes com lepra corresponde a uma taxa de prevalência média de 0,53 por cento, menos de um caso em cada 10 mil habitantes.
Segundo o responsável, esta taxa de prevalência está dentro da meta estipulada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que, desde 2005, não considera a doença como um problema de saúde pública, apesar de muitos países, como Angola, não conseguirem tirá-la da lista.
Questionado sobre os motivos que levam a lepra a continuar a ser um problema de saúde pública no país, Ernesto Afonso disse que os diagnósticos são feitos de forma tardia, porque a maior parte dos pacientes aparece nas consultas quando surgem as deformidades do segundo grau.
As deformidades incidem na queda dos dedos das mãos e dos pés, encolhimento da orelha e dos olhos e o surgimento de casos de lepra em crianças menores de 10 anos.
Segundo a OMS, as crianças não podem ter lepra e, em caso de surgimento de casos, é um forte sinal de que o ambiente onde elas vivem está contaminado.
De acordo com o responsável, a estratégia da Direcção Nacional de Combate à Lepra é interromper a transmissão da doença dentro da comunidade, sobretudo nas crianças, por meio do diagnóstico precoce e do tratamento adequado a partir das unidades primárias de saúde.
Províncias endémicas
Ernesto Afonso informou que as províncias endémicas são Luanda, com 361 casos, Cuanza-Sul (230), Huíla (204), Moxico (218), Bié (154), Huambo (148) e Malanje (124).
Para o responsável, os números, apresentados pelas direcções provinciais, não são representativos, pelo facto de muitos pacientes com lepra viverem em zonas remotas, onde não há uma unidade de saúde para fazer o devido diagnóstico e tratamento.
Medicação
Sobre a medicação administrada aos pacientes com lepra, Ernesto Afonso realçou que são usadas as multi-drogas terapias (MDT), doadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com stock suficiente para o país.
No período de 2020-2021, houve algumas falhas devido aos constrangimentos causados pela pandemia da Covid-19.
Lepra tem cura
Ernesto Afonso esclareceu que a lepra tem cura, mas necessita de um longo período de tratamento que vai dos seis meses a um ano ou um ano e meio.
Na origem da doença, estão a falta de água potável, de higiene e a desnutrição, entre outros males associados à pobreza.
As pessoas com esta doença, disse, vivem num ambiente de estigma e muita discriminação e, por isso, têm receio de ir aos hospitais em busca de tratamento, permanecendo em isolamento.
Conforme o responsável, a solução tem sido a realização de campanhas de rastreio nas comunidades, para encontrar pessoas com sinais da lepra e começar logo o tratamento.
Prevenção
Ernesto Afonso explicou que a melhor forma de prevenção da lepra é o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, com a busca activa de casos, principalmente entre as pessoas que convivem com o doente.
A detecção precoce, prosseguiu, previne as incapacidades e a rapidez nos exames clínicos.
O doente com lepra deve evitar o consumo de bebidas alcoólicas, sob pena de acelerar a progressão da doença.
Segundo a OMS, todos os anos surgem entre 400 a 500 mil novos casos de lepra no mundo.
A data foi instituída em 1954, pela Organização das Nações Unidas (ONU), a pedido de Raoul Follereau, o apóstolo dos leprosos do século XX.
O Dia Mundial de Combate à Lepra celebra-se sempre no último domingo de Janeiro, em honra a Mahatma Gandhi, da Índia, falecido neste dia, que afirmou que, "eliminar a lepra é o único trabalho que não conseguiu completar na sua vida”.
O objectivo mundial é continuar o seu trabalho. EVC/OHA