Luanda - Trezentos e vinte mil cidadãos, em todo país, são portadores de Vih, o que representa dois por cento da população infectada, adiantou hoje, quarta-feira, em Luanda, a Directora do Instituto Nacional de Luta contra o Sida (INLS), Lúcia Furtado.
Fez saber que a província mais afectada é o Cunene com 13 por cento, seguido de Luanda, Cuando Cubango, Moxico e Lunda Norte, sendo as mulheres grávidas as mais diagnosticadas, enquanto que em relação ao tratamento com anti-retrovirais, o país atingiu uma cobertura de 41 por cento nos vários géneros.
A responsável falava à ANGOP, no âmbito do dia internacional de Luta contra o Sida, que se assinala quinta-feira, 1 de Dezembro. Este dia visa alertar as pessoas para a necessidade de prevenção e de precaução contra o vírus da SIDA, que ataca o sistema sanguíneo e o sistema imunológico do doente.
Sobre a carga viral, informou que não se conseguiu fazer a medição deste indicador porque os dados que o país apresenta não representam 50 por cento de pessoas que têm acesso ao serviço, pelo que a expansão é uma prioridade. (Carga viral é um exame realizado em laboratório que monitora a quantidade de vírus presente no sangue do paciente infectado).
Actualmente, acrescentou, os 164 municípios têm a possibilidade de beneficiar deste serviço, através do envio de amostras, sendo que as do Norte encaminham para o laboratório do Instituto de Sida em Luanda, e as províncias do Centro e Sul para o laboratório regional de geologia molecular em Benguela.
No quesito da prevenção, adiantou que Angola não conseguiu atingir a meta 90/90/90, e apenas 57 por cento das pessoas sabem o seu estado serológico, pelo que foram feitas algumas adaptações tendo em conta os novos compromissos e orientações que o país foi assumindo, lembrando que em 2016, na Declaração Política da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o Fim da Sida, os países se comprometeram com as metas 90-90-90, que visam levar testagem e tratamento do HIV para a grande maioria das pessoas que vive com VIH até o final de 2020 e reduzir a carga de viral em seus organismos a níveis indetectáveis, para que se mantenham saudáveis e evitem a propagação do vírus.
Essa estimativa previa que se até 2020 os países conseguissem atingir a estratégia 90/90/90, até 2030 se iria seguramente acabar com a Sida como problema de saúde pública mundialmente.
Actualmente, apesar de alguns avanços e progressos, a pandemia da Covid-19 travou muitos planos traçados para o cumprimento destas metas, pelo que em final de 2021 as Nações Unidas decidiram implementar as metas 95/95/95 para teste e tratamento em todas as subpopulações, grupos de idade e contextos geográficos, incluindo crianças vivendo com o VIH.
Afirmou que a questão do estigma e da discriminação têm sido alguns dos factores para o insucesso dos programas, o que impacta negativamente na sensibilização das pessoas para aderirem ao teste e ao tratamento, reflectidos em alguns inquéritos representativos, que indicam que 34 por cento apresentam atitudes discriminatórias.
A pobreza também foi apontada como uma das causas para o fracasso dos planos nesta doença, pois muitas pessoas deixam de tomar os medicamentos alegando falta de alimentos.
Angola por ter um índice baixo na percentagem do VIH não beneficia de muitas ajudas, porém no plano estratégico 2019/2022 tinha-se uma estimativa anual de mais 100 milhões de dólares, que contemplava todas as componentes desde a prevenção ao tratamento, diagnóstico e pesquisas, mas, infelizmente, houve muitas lacunas .
Explicou que desde 2020, com a transição para uma droga com menos efeitos colaterais e mais potente, o país teve um stock de anti-retrovirais que não permitiu haver roturas há dois anos, facto que permite ter medicamentos suficientes, acrescentando que actualmente está a ser feito um processo de aquisição de uma nova encomenda para os próximos anos.
"Actualmente estão garantidos os anti-retrovirais para até Março de 2023, sendo feita a distribuição trimestral para os gabinetes provinciais de saúde", reforçou.
Conforme a fonte, o país registou nos últimos meses, problemas na aquisição dos insumos, por isso houve atraso no fornecimento e chegada dos preservativos, mas, garantiu que a situação já está controlada e que foram recebidos no último lote uma quantidade considerável que garante mais seis meses.