Luanda - Os stocks de sangue nas hemoterapias das unidades sanitárias em todo o país estão em ruptura, situação que põe em risco a vida de muitas pessoas, revelou à ANGOP fonte do INS.
Segundo a directora-geral do Instituto Nacional de Sangue (INS), Deodete Machado, regista-se um elevado número de doentes internados com doenças infecciosas, má nutrição, malária e acidentes de viação, razão pela qual se registou o aumento do consumo deste líquido.
Explicou que a malária e todas essas doenças referenciadas trazem consigo diversas complicações, causando anemia, razão que contribui para a ocorrência da necessidade de transfusão de sangue.
Em declarações à ANGOP, terça-feira, em Luanda, a directora do INS disse que o país tem sangue apenas para uma semana, daí a urgência da reposição.
As crianças, tal como disse a especialista, são as maiores vítimas e os hospitais pediátricos, neste momento, carecem de atenção especial em todo o país.
“Esta questão da reposição de stock tem sido uma grande preocupação, não só para a nossa direcção, como em todas as unidades sanitárias, uma vez que os doentes ao ocorrerem as unidades sanitárias devem encontrar o sangue e as suas componentes “, acrescentou.
Por esta razão, defendeu a necessidade de se maximizar o movimento de solidariedade de doação deste líquido por parte dos dadores voluntários.
Disse ser preciso que se continue a desenvolver trabalhos de promoção e sensibilização, para que as pessoas se sintam motivadas a doar sangue para salvar vidas.
Perante o contexto, adiantou, o INS tem realizado palestras de sensibilização e formação de técnicos, de modo a ir às ruas e sensibilizar a população a doar sangue.
Por isso, apelou aos líderes comunitários, igrejas, empresas, escolas e institutos superiores para organizarem grupos para a doação de sangue.
Os interessados em apoiar essa causa podem contactar o INS pelos números: 926 365 472/ 996 443 743, de acordo com Deodete Machado.
Actualmente, salientou, o país possui mais instituições de saúde e com mais cirurgias complexas a serem realizadas, sendo o sangue muitas vezes o primeiro elemento a ser chamado para atender os doentes.
Deodete Machado frisou que maioritariamente são familiares a doar o líquido, ao contrário daquilo que a OMS recomenda, revelando que Angola tem 83 por cento dos dadores familiares e apenas 13 por cento é que são voluntários.
Investimento melhora funcionamento do INS
A directora do INSdisse que a instituição beneficiou, desde 2019, de um financiamento do Estado avaliado em 19 milhões de dólares, que permitiu equipar os serviços.
Com isso, afirmou, o instituto melhorou significativamente a qualidade de trabalho e, neste momento, possui insumos importantes para se ter sangue seguro nas unidades sanitárias.
Salientou que esse investimento está a permitir a continuidade da formação de técnicos, com um grau maior de comprometimento em continuar a garantir sangue seguro.
Venda de sangue às portas dos hospitais
Deodete Machado lamentou o facto de a venda de sangue às portas dos hospitais continuar a ser uma prática contínua, frisando que nem todas as pessoas possuem dinheiro para fazê-lo, pelo que "é preciso que os dadores entendam que o sangue não se vende, por ser um líquido precioso para salvar vidas". EVC/ART