Luanda – O Ministério da Saúde (MINSA) prevê, nos próximos tempos, aumentar a cobertura do rastreio contra a anemia falciforme nas 18 províncias do país, para melhor combate e criar planos de acção, anunciou, esta sexta-feira, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Carlos Pinto Sousa.
O responsável, que falava na abertura do Workshop sobre Doenças Falciforme, lembrou que, por meio da parceria com a Chevron, no âmbito do cumprimento das orientações do Comité Regional da Organização Mundial da Saúde para prevenção e controlo da doença, o ministério realizou o maior estudo sobre a doença entre 2011 a 2020, apenas nas províncias de Luanda e Cabinda, daí a pretensão de alargar as 16 em falta.
Durante o estudo, referiu, foram testadas 400 mil crianças recém-nascidas e destas cerca de 11 mil foram detectadas com este mal. Actualmente, 91 mil são portadores da doença, o que corresponde a 2,24 % de doentes e 18 % são portadores.
“Face aos resultados, o MINSA traçou o seu plano de acção que passa por aumentar a cobertura do rastreio neonatal para todas as províncias, intensificar o acesso a cuidados médicos e aos medicamentos como a hidroxiureia”, reforçou.
A par disso, fez saber, que o Governo elaborou um Plano Estratégico da Anemia Falciforme como instrumento orientador de todas as actividades preventivas, assistenciais em todo território nacional, que contempla a prevenção da doença, educação a população sobre a forma de transmissão, rastreio neonatal para detenção e acompanhamento clínico e nutricional, atenção às mulheres grávidas, bem como tratamento profilático e sintomático.
A capacitação de profissionais e a vigilância epidemiológica, de forma a determinar a magnitude da doença, fazem igualmente parte da estratégia.
O MINSA, através do Instituto Hematológico Pediátrico Vitória do Espírito Santo, estabeleceu parceria com o Laboratório Farmacêutico “Novartis” e uma das prioridades estabelecida foi a formação dos profissionais de saúde que actuam a nível dos cuidados primários, com objectivo de capacitá-los a fim de se melhorar o atendimento.
Esta é a primeira de quatro etapas da formação de técnicos nacionais, onde serão abordadas diferentes temáticas como: Epidemiologia da doença, diagnóstico, triagem, abordagens dos pacientes e de eventos, entre outros.
A doença de células Falciforme é hereditária, causada por uma mutação que ocorre nas genes que codificam a hemoglobina e, como consequência desta alteração, o organismo das pessoas afectadas passa a sintetizar a Hemoglobina S ao invés da A e deixa de transporta o oxigénio necessário para os tecidos.
A doença afecta milhões de pessoas em todo mundo e segundo as estimativas das Nações Unidas, existem entre 20 a 25 milhões de pessoas a viverem com a Anemia falciforme no mundo, dos quais 75 % vivem no continente africano e 50 % das crianças menores de cinco anos acometidas pela doença correm o risco de morrer antes de completarem cinco anos.
O Hospital Pediátrico de Luanda regista, há 10 anos, mais de mil casos de anemia falciforme anualmente. ML/ART