Luanda - A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, reiterou, esta segunda-feira, em Luanda, a contínua implementação de acções de combate à Lepra e às Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN), por se tratar de um investimento na equidade em saúde aos cidadãos.
Falando no acto de celebração do Dia Mundial das Doenças tropicais Negligenciadas, na escola José Martí, no Distrito Urbano da Maianga, a governante frisou que o combate as doenças é uma oportunidade para reduzir o ciclo da pobreza, criar uma sociedade mais saudável, próspera e resiliente para as futuras gerações.
Na ocasião, sublinhou que anualmente, a nível global, ocorrem entre 400 a 500 mil novos casos de Lepra, e que Angola se encontra na fase da eliminação da doença, enquanto problema de saúde pública, com uma taxa de detenção de dois casos, por cada 100 mil habitantes, e uma prevalência de menos de um caso por cada 10 mil cidadãos.
“Estas doenças causam, não só sofrimento e deficiência, mas também provocam consequências sobre a saúde socioeconómica dos indivíduos, famílias e comunidades”, referiu a titular do sector.
Sílvia Lutucuta acrescentou que elas (doenças) impedem as crianças de frequentarem as escolas, os adultos de trabalharem, assim como provocam nas famílias e comunidades um ciclo vicioso de pobreza e desigualdade.
A ministra salientou que, no âmbito das políticas públicas, o Ministério da Saúde tem feito um esforço considerável no processo de planificação estratégica, com vista à expansão de intervenções inovadoras de prevenção, tratamento e reabilitação dos enfermos.
Ao longo dos anos, o Executivo e seus parceiros, de acordo com Sílvia Lutuca, têm alcançado progressos relevantes através da adopção de medidas que visam o controlo e abordagem de uma só saúde, focada no ser humano, animal e no meio ambiente.
Sendo as Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) e a Lepra problemas de saúde pública, a ministra enfatizou a necessidade de tudo fazer para tornar Angola livre das doenças, combatendo a negligência para se alcançar os objectivos de desenvolvimento sustentável até 2030.
Informou que Angola registou progressos no combate à lepra, admitindo, no entanto, que muito ainda há por se fazer, sendo que o objectivo é proteger os ganhos da fase de eliminação, atingir a menta da erradicação da doença, interromper a transmissão, aumentar a capacidade de diagnóstico, tratamento e controlo.
Conforme a governante, o aumento da capacidade laboratorial para apoiar o diagnóstico clínico, a monitorização da resistência, reforço da busca activa, realizando a profilaxia pós-exposição, o aumento do acesso à cirurgia reconstrutiva, bem como a oferta de serviços de aconselhamento e cuidados de saúde mental fazem parte da estratégia.
“Estamos a trabalhar no reforço de estratégias para manter a capacidade de intervenção das equipas de saúde pública, dos serviços clínicos integrados, em todos os níveis do sistema de saúde, incluído sistema de vigilância comunitária para prevenção da lepra através da triagem, diagnóstico, tratamento, gestão de complicações, do autocuidado das pessoas afectadas com lepra e suas famílias", acentuou.
Neste sentido, disse que pretende, ao longo de 2023, expandir a gestão de dados, baseando-se no sistema de informação de saúde digital e na geo-referenciação das pessoas com lepra, intervenção estratégica que vai contribuir para a monitorização dos progressos rumo ao “Zero Lepra”.
Por outro lado, falou em tomada de decisões pragmáticas, sólidas e baseadas em evidências.
Em relação às DTN, salientou que também houve progressos, em conformidade com o Plano Estratégico 2020/2025, onde se encontram identificadas as principais estratégias integradas, inovadoras para a redução da carga da doença na população, particularmente nas populações mais desfavorecidas.
Por seu turno, a representante da "Mentor Initiative", Teresa Nóbrega, reiterou o apoio para 2023, em suporte técnico ao programa nacional, às actividades de administração em massa e disponibilização de medicamentos para oito das 18 províncias do país.
Adiantou que, conforme as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), esperam também apoiar, este ano, o tratamento de mais de seis milhões de pessoas com Doenças Tropicais Negligenciadas, com realce para crianças.
Já a representante da OMS, Djamila Cabral, referiu que as DNT, que afectam mais de mil milhões de pessoas pobres e miseráveis a nível mundial, "são negligenciadas porque estão quase ausentes das agendas dos organismos da saúde, gozam de pouco financiamento e acabam sendo associadas ao estigma, descriminação e exclusão social".
Em função de tais implicações, a responsável salientou que a sua instituição elegeu para 2023, como lema das comemorações do Dia Mundial das DNT, “Aja agora. Agir juntos. Investir em doenças tropicais negligenciadas”, para que a comemoração não seja só no dia, mas sim em cada momento, para o combate das patologias.
A lepra é uma doença infecciosa crónica que afecta primordialmente a pele, mas também pode atacar os olhos, os nervos periféricos e eventualmente outros órgãos.
Dados oficiais indicam que a cada dois minutos atinge uma pessoa no mundo, diferente das doenças tropicais Negligenciadas (DTN) que são um grupo de doenças evitáveis e tratáveis, e que afectam mais de 1 bilião de pessoas em todo o planeta.
Das 20 DTN, 12 são prevalentes, destacam-se a schistosomíase, as helmintíases transmitidas pelo solo, a filaríase linfática, a oncocercose e a tripanossomíase humana africana.
A esse respeito, Angola conta com 111 unidades sanitárias que prestam cuidados de saúde a pacientes com lepra, um número considerado ínfimo, sendo as províncias de Luanda, Benguela, Huambo, Bié, Malanje, Cuanza Sul, Cuando Cubango, Huíla, Lunda Sul e Moxico as com alta endemicidade.