Luanda - A melhoria do acesso à saúde sexual reprodutiva e materno-infantil dos adolescentes representa um dos grandes desafios do executivo, reiterou hoje, terça-feira, em Luanda, a directora do Instituto Nacional de Luta contra a Sida (INLS), Maria Lúcia Furtado.
Falando à imprensa durante o acto de lançamento do projecto de saúde, direitos sexuais e reprodutiva, Vih e Governação, Maria Lúcia Furtado referiu que a falta de acesso às informações adequadas sobre saúde sexual e reprodutiva, bem como as barreiras de acesso aos métodos contraceptivos e seus benefícios, estão directamente relacionados à ocorrência de gravidezes e infecções de transmissão sexual entre as adolescentes.
Acrescentou ainda a baixa cobertura do Planeamento Familiar (14%- IIMS-2015) como um dos factores para tais ocorrências, lembrando que no Inquérito de Indicadores Múltiplos de Saúde realizado em 2015-2016, ao serem indagadas sobre as barreiras no acesso à saúde, cerca de 52% das mulheres relataram dificuldade de acesso por falta de dinheiro e 30% das entrevistadas indicaram que precisavam "obter autorização para ir ao médico".
No mesmo Inquérito, as mulheres sem escolaridade (79%) e as de menor renda (86%) foram as que mais declararam problemas de acesso aos serviços de saúde.
Para si, vencer as barreiras citadas só será possível com esforços coordenados e multissectoriais que visem promover e fortalecer o debate e o diálogo sem limitações sobre os direitos sexuais e reprodutivos em todos os ambientes, especialmente nas famílias, nas escolas e nas comunidades.
Garantiu que o Ministério da Saúde, através da Direcção Nacional de Saúde Pública, tem estabelecido os Serviços de Saúde Reprodutiva (SSR) Amigos de Adolescentes e Jovens em mais de 100 unidades de saúde em diversas províncias, e esses serviços têm integrados os trabalhos de aconselhamento e testagem para o diagnóstico do Vih.
De acordo com a directora do INLS, os resultados que se pretendem alcançar dependem do estabelecimento de parcerias sólidas entre instituições do Governo e Organizações da Sociedade Civil, com estratégias multissectoriais para garantir o acesso equitativo das meninas e meninos aos direitos sexuais e reprodutivos.
“Essa colaboração permitirá realizar acções conjuntas que visem a redução da gravidez precoce e a melhoria dos indicadores de gênero e SSR, em Angola, bem como prevenção das novas infecções pelo VIH, especialmente entre as meninas de 15 a 19 anos de idade”, concluiu.
Frisou que a integração dos serviços (saúde, escola e comunidade) é crucial para a implementação de programas educacionais abrangentes, assim como sensibilizar a comunidade e promover mudanças sociais positivas.
A exemplo disso, o Governo de Angola, através do Ministério da Educação, está a desenvolver o Projecto Aprendizagem para Todos (PAT II), que contribuirá para promover o conhecimento e habilidades abrangentes em relação à sexualidade, direitos e comportamentos de saúde de adolescentes e jovens, com destaque para a prevenção da gravidez precoce, casamentos infantis e da violência baseada no género. EVC/PA