Médicos paralisam serviços em solidariedade ao colega agredido em Benguela

     Saúde           
  • Benguela     Segunda, 27 Setembro De 2021    18h31  
Pacientes no banco de urgências (Arquivo)
Pacientes no banco de urgências (Arquivo)
Kinda Kyungu

Benguela – Os serviços médicos externos, nas unidades sanitárias do país, foram paralisados por uma hora, no período entre as 12 e 13 horas desta segunda-feira, em solidariedade ao profissional António Dungula, agredido na última terça-feira (21), soube hoje a Angop.

O médico António Dungula foi agredido, no exercício da sua profissão, por familiares de uma cidadã que acabou por falecer no Hospital Geral de Benguela.

Falando à Angop, Edgar Bucassa, responsável sindical dos médicos em Benguela, afirmou que a paralisação diz respeito a todos os médicos angolanos, uma vez que a classe mostra-se preocupada pela falta de protecção da sua integridade física.

Por esta razão, acrescentou, o Sindicato Nacional dos Médicos decidiu pela paralisação por 60 minutos, em solidariedade ao colega que foi agredido pouco depois de anunciar o falecimento da cidadã.

Segundo o profissional de saúde, que apela às populações a mudança de atitude, ao nível do país há registos que apontam para outros casos do género.

Para mostrar que a classe médica está insatisfeita com essa ocorrência, disse, “em Benguela decidiu-se por uma paralisação de 24 horas, ou seja, um dia laboral, em solidariedade ao colega agredido”, disse.

"Nenhum médico sai de sua casa com a intenção premeditada de matar um paciente”, enfatizou.

Por outro lado, informou que obteve informações do advogado de defesa do médico, dando conta que os integrantes da equipa em serviço, o ofendido e os agressores foram ouvidos esta manhã, num primeiro interrogatório.

O HGB, onde António Dungula esteve de banco no passado dia 21, conta actualmente com cerca de 120 médicos, insuficientes para a satisfação da demanda.

A província de Benguela conta com pouco mais de 250 médicos nacionais que, na sua maioria, continuam a assegurar as urgências, cuidados intensivos e os atendimentos nas  diálises, daí que não se note tanto esta paralização.

Ainda assim, Edgar Bucassa disse que a adesão é muito grande, porque a maior parte dos médicos sente-se solidária, uma vez que este foi apenas um caso que veio à media, mas que, recentemente, foram igualmente reportados outros casos de agressão, tanto física como verbal.

Reconheceu, por seu lado, que os utentes dos serviços de saúde ficam chateados, não por culpa dos médicos ou dos enfermeiros, mas muitas vezes pela exiguidade de profissionais que leva à demora no atendimento.

Muitas vezes, relatou, as pessoas tão logo chegam ao banco de urgência querem ser atendendidos e, não o são, porque não há mais profissionais  para fazê-lo, uma vez que os poucos disponíveis estão atendendo outros pacientes e isso causa frustração aos familiares, que sobra para aqueles que estão na chamada linha da frente, os médico e enfermeiros.

“Estamos a pedir que se aumentem as verbas no OGE para o sector da saúde, para que se melhore substancialmente as condições de atendimento”, afirmou, antes de sublinhar que os familiares estão arrependidos e já pediram desculpas, apesar de tudo o que aconteceu e da abertura do processo judicial.

Lembrou que, só neste ano, já ocorreram outras duas situações semelhantes, nomeadamente um na pediatria e outra na enfermaria da Covid-19, mas adiantou que os médicos também sabem colocar-se no lugar de pacientes, porque alguma vez  já o foram e gostariam de ser bem atendidos ou imediatamente atendidos.

Enalteceu a adesão observada nesta paralização, assegurando que a justiça seja feita, sob pena de se registar outras paralisações e manifestaçãoes nas artérias da cidade, para exigir respeito e consideração à classe.            

O especialista considera importante chamar a atenção dos governantes para a necessidade de se criarem condições para que se pratique uma medicina de qualidade e para que se possa tratar bem os pacientes, mediante uma aposta na formação e na admissão de quadros para o sector.

Entretanto, numa ronda efectuada pela Angop na tarde desta sexta-feira por algumas unidades sanitárias de Benguela, constatou-se a paralisação dos serviços externos, sem ser notória enchentes nos serviços de urgência e de algumas especialidades que continuam a funcionar.

 

 

 





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