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“Irene Neto” do Lubango realiza cirurgia neo-natal pela primeira vez

     Saúde              
  • Huíla • Quarta, 17 Janeiro de 2024 | 09h06
Maternidade Irene Neto na Província da Huíla
Maternidade Irene Neto na Província da Huíla
Bráulio Pedro-ANGOP

Lubango – A maternidade do Lubango, Irene Neto, arrancou, pela primeira vez na sua história, com cirurgias a recém-nascidos, para correcção de deformações graves, casos que anteriormente eram encaminhados a Luanda, com custos “avultados” assumidos pelo hospital huilano, soube a ANGOP.

A cirurgia neo-natal é uma sub-especialidade de operações pediátricas, que consiste no atendimento cirúrgico de recém-nascidos portadores de malformações congénitas e para pacientes prematuros ou não, mas que venham a apresentar complicações que precisem de tratamento cirúrgico.

A cirurgia neo-natal dedica-se ao atendimento a bebés recém-nascidos, de até 28 dias de vida, e é uma área delicada, que exige conhecimento especializado.  A indicação da mesma a um recém-nascido, depende de variados factores, pois para além do problema que carece de correcção, é preciso avaliar o estado de saúde da criança, no seu todo.

Em declarações hoje, quarta-feira, à ANGOP, a directora da unidade hospitalar, Irina Jacinto, afirmou tratar-se de um exercício conjunto com o hospital central do Lubango, que tem os médicos cirurgiões para fazerem localmente esse procedimento clínico.

O hospital está preparado e já, segundo a fonte, realizou uma cirurgia em Novembro de 2023 e poderão ter outras, pelo que os profissionais vão aprimorando a prática, pois é uma cirurgia que tem um nível de complexidade “grande” e gera um grau de necessidades materiais ainda maior.

A gestora admitiu que a patologia neo-natal que precisa de cirurgia é um acontecimento raro na unidade, em que registam um a dois casos/mês e pretende-se que aconteça cada vez menos, pois a maior parte dos casos está ligada à assistência pré-natal, já que é nesta fase que se detectam tais anomalias em gestantes.

Irina Jacinto sublinha que a maternidade não tinha meios, nem recursos para tal, daí que encaminhava os pacientes a Luanda, em viagens de avião assumidas pelo hospital, com custos não inferiores a 500 mil kwanzas por cada caso.

“A primeira cirurgia foi um pouco no susto, tínhamos os cirurgiões pediátricos do hospital central que vinham para a maternidade, e tivemos em 2023 a vantagem de contar com um especialista em anestesiologia. Reunidas as condições, fizemos e contamos com uma especialista em cirurgia pediátrica”, explicou.

Referiu que com isso levanta-se a questão do que falta e pode ser melhorado, pelo que estão no processo de tentar ao máximo melhorar as condições no bloco operatório e a logística, porque a cirurgia neo-natal não é barata, precisa muitas vezes de cateteres e outros materiais para garantir o pós-operatório.

Irina Jacinto acrescentou que a questão não é tanto na cirurgia, mas o depois, o suporte do paciente numa unidade de cuidados intensivos e tudo aquilo que vai precisar, um exercício na qual estão a trabalhar.

Destacou ser um marco, pois impede que as famílias precisem de se deslocar a Luanda ou à Namíbia, com todos os custos financeiros inerentes.

Atresia esofágica entre as patologias mais frequentes que carecem de cirurgia neo-natal

Irina Jacinto avançou que como maternidade recebem neo-natos e alguns deles nascem com patologias que são ameaçadoras à vida e muitas são incompatíveis.

Das patologias mais frequentes, a médica cirurgiã oncológica, destacou a atresia esofágica, em que a criança nasce com um esófago que não tem conexão com o estômago e por isso tem dificuldades em alimentarem-se e na cirurgia tem que ser feita uma conexão entre as duas partes.

Acrescentou já terem também casos de meningocele, quando o paciente tem uma bola na coluna vertebral, que tem que ser corrigida pelo neurocirurgião, assim como de gastrosquise, quando o paciente nasce com as vísceras de fora da cavidade abdominal, por constituírem as mais frequentes que demandam um tipo de cirurgia imediata.    

“Tivemos um caso na Huíla de gémeas siamesas e estão agora com três anos. Foram enviadas para Luanda e são um dos nossos casos de sucesso. Ficaram dois anos até crescerem porque havia partes  do organismo que precisavam ser separadas e hoje  já foram separadas por completo e estão vivas”, manifestou.

Reforçou que o potencial da província é o trabalho em grupo, podem contar com os profissionais de outros hospitais, dentro daquilo que é a rede sanitária para melhorar os resultados, desde o hospital central do Lubango, no caso das cirurgias pediátricas e gerais, a pediatria em Luanda entre outras unidades.

A Maternidade do Lubango “Irene Neto” é um hospital terciário, enquadrado no Sistema Nacional de Saúde. Está enquadrado como maternidade provincial, prestando assistência não só a pacientes da Huíla, mas das vizinhas províncias do Namibe, Cunene e Cuando Cubango.

Foi reinaugurada em Março de 2023 pelo Presidente João Lourenço, após um ano de obras que a requalificaram, o que implicou em novas estruturas, que do ponto de vista de ganhos recebeu uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neo-natal, uma de adulto mais robusta, serviços de imagiologia com outros componentes como tomógrafo, um raio x e aparelhos de ecografia disponíveis no banco de urgências e consultas externas. EM/MS





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