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Malária continua a principal causa de mortes no país  

     Saúde              
  • Luanda • Segunda, 25 Abril de 2022 | 13h40
Moxico atinge pico de infecções por malária
Moxico atinge pico de infecções por malária
Kinda Kyungu - ANGOP

Luanda- Angola, à semelhança do resto do mundo, celebra, esta segunda-feira o dia Mundial da Luta Contra a Malária, doença que continua a constituir a principal causa de mortes, principalmente em gestantes e crianças com menos de cinco anos de idade. 

Dados oficiais apontam para um crescimento desta enfermidade em diversas unidades sanitárias durante o primeiro trimestre deste ano. 

O hospital pediátrico David Bernardino, a título de exemplo, registou  de Janeiro á Março um total de 1.400 casos em crianças, entre 1 mês e 9 anos. 

De acordo com  a directora Clínica daquela unidade hospitalar, Margarida Correia, grande parte dos doentes chega ao hospital já com complicações graves, como malária cerebral, anemia e lesão renal.   

A responsável chama atenção para uma tendência crescente de crianças com lesão renal aguda, por consequência da malária grave.  

Já na Maternidade Lucrécia Paim, teve no mesmo período um total de 300 casos de malária, o que preocupa a equipa médica desta unidade.  

O director da Maternidade Lucrécia Paim, Francisco Quinto, que não avançou o número de mortes, disse que a situação é preocupante, sendo uma enfermidade que ocupa o primeiro lugar nas causas de mortalidade materna indirecta. 

No hospital do Prenda, esta doença ocupa o terceiro lugar nas causas de internamento.   

De Janeiro a Março, as estatísticas apontam para um registo de mais de 5 mil casos e 56 óbitos.   

A grande parte dos pacientes chegam já com uma disfunção neurológica, provocada pela malária cerebral.

O director geral da referida unidade sanitária, Tomas Cassinda,  lamenta o facto de muitos pacientes que recorrem aos centros de saúde da periferia serem transferidos já com complicações muito graves da doença, elevando assim o risco de morte.  

Segundo o director nacional da Luta Contra a Malária, José Franco Martins, o plano a ser implementado na luta contra a doença continuam alinhadas com as estratégias técnicas global da Organização Mundial da Saúde(OMS), que os países foram chamados a adoptar. 

No acto central alusivo ao Dia Mundial da Luta Contra a Malária, que hoje se assinala, realizado na província do Cuanza Norte, o responsável sublinhou que vão procurar incidir acções nas comunidades para se identificar as lacunas, relativamente ao cumprimento e capacidade operacional, bem como a adopção  em relação as directrizes das componentes que estão mais ligadas a prevenção. 

Fez  saber ainda  que para o dia hoje, será lançado uma campanha de distribuição em massa de redes mosquiteiras nas comunidades. 

Nesta campanha serão distribuído um mosquiteiro para cada dois  agregado familiar, bem como mobilizados e instruídos para correcta utilização das mesmas. 

Adiantou que o Ministério da Saúde (MINSA) tem procurado trabalhar numa perspectiva multissectorial e cada sector deve desempenhar o seu papel. 

"Para diminuir o impacto negativo da malária algumas actividades estão voltadas para o saneamento do meio, apesar de ser insuficiente", referiu. 

Para os próximos anos, o director frisou a necessidade de se continuar a intensificar e dar resposta a capacidade operacional do nível comunitário, provincial e municipal para que se consiga implementar as estratégias, sobretudo no quesito da prevenção.

Garantiu que o país neste momento encontra-se favorável com relação ao stok de medicamentos anti-malaricos, sublinhado que a cerca de seis meses foi entregue uma quantidade considerável para distribuição a todas redes sanitárias.  

Por sua vez o  Epidemiologista, Jeremias Agostinho, considerou a data como oportuna para reflexão e criação de estratégias para melhoria do plano de acção de combate a doença. 

Conforme Jeremias Agostinho, nos últimos tempos houve um aumento no número de casos de malária, principalmente na África Subsariana, em que os relatórios indicam que cerca de 92,5 porcento foi registados nessa região.  

"Angola continua a ser um dos países mais afectados e nos últimos dois anos houve um aumento influenciado fortemente pela pandemia da Covid-19", considerou. 

O epidemiologista aclarou que isto ocorreu porque os países africanos retiraram uma boa parte do orçamento para o combate a doença e distribuíram esta verba para ao Covid 19, gerando assim  escassez de recursos para a compra de  medicamentos, mosquiteiros, e acções de combate.

Explicou que os números estavam a baixar no inicio do ano de 2014 até 2019, com algumas oscilações, porém, desde o inicio da Covid -19, isto é desde 2020, os números tem vindo a aumentar.  

Fez saber que em 2010 o País teve um total de cerca de 10 mil casos, já em 2011 passou para 11 mil.  

As província que mais preocupam, de acordo como Epidemiologista, são Luanda, Malange, Benguela, Cuanza Sul, Bié e Uige. 

 





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