Luanda – Vinte oito mil 701 casos de tuberculose foram diagnosticados, durante o ano de 2024, na província de Luanda, informou o director provincial da Saúde, Manuel Duarte Varela.

Entre os casos diagnosticados, o médico precisou que existem 10 mil 777 por BK (Bacillus de Coco), 13 mil 428 por diagnóstico clínico, 959 extrapulmonar, mil 165 dos MDRs e outros mil 109 com infecção de HIV.

O director concedeu uma entrevista à ANGOP, a propósito do 24 de Março, considerado Dia Mundial da Tuberculose ou Dia Mundial de Combate à Tuberculose, uma data que visa conscientizar o público sobre a epidemia global de tuberculose e os esforços para eliminar esta doença.

Conforme o responsável, foram registados também, neste período, mil 40 óbitos como resultados desta doença que em alguns casos, os pacientes acorrem às unidades sanitárias em um estágio avançado ou já muito debilitados.

“Só de Janeiro a Dezembro de 2024, tivemos um total de casos de 28.701 pacientes diagnosticados”, informou o responsável, que não forneceu dados comparativos de 2023.

Revelou que a província de Luanda dispõe de 50 unidades sanitárias que fazem o tratamento da tuberculose, concretamente o D.O.T (Tratamento Sob Observação Directa) e três outras que realizam diagnóstico e tratamento.

“Tínhamos 61 unidades até 2024, mas em função da nova Divisão Político Administrativa (DPA), passamos a ter 50. Assim, temos o tratamento sob observação directa (DOT) e três unidades que realizam diagnóstico e tratamento”, explicou.

Disse ainda que as unidades estão espalhadas pelos municípios da província, controlados pelo Dispensário.

“Então, em todos os municípios temos pelo menos uma ou duas unidades, sendo que algumas fazem só tratamento e outras fazem diagnóstico e tratamento. Mesmo assim, temos uma unidade na Divina Providência, mas esta é específica para doentes com resistência aos fármacos que denominamos de MDR, multidroga resistente”, enfatizou o médico, lembrando que a resistência em doentes de tuberculose exige um tratamento diferenciado e internamento.

Segundo o director, Luanda conta também com algumas unidades de referência sob tutela do Ministério da Saúde, nomeadamente o Complexo Hospitalar Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, Azancote do Menezes, o Hospital Prisão de São Paulo e o Hospital Militar, que também realizam o diagnóstico e têm o Janusperg.

Conforme Manuel Varela, o Centro Especializado de Tratamento de Endemias e Pandemias (CETEP) tem sido um grande suporte para a província de Luanda, apesar de ser uma unidade de nível nacional, nos casos em que necessitam de internamento e com cuidados diferenciados.

Para este ano, em função da implementação da nova divisão política e administrativa do país, enfatizou que pretendem a extensão dos serviços, pelo que “em vez de 50 unidades, vamos aumentar pelo menos em 20 por cento de unidades, porquanto ainda temos um grande número da população comparativamente às outras províncias”.

Assim, informou que necessitam de mais unidades para estender o Dot e o diagnóstico pelos municípios que compõem Luanda.

Na sua intervenção, lembrou que o dispensário está no interno, apresenta uma degradação da sua estrutura, mas que merecerá a devida atençao, inclusive em termos de equipamentos, com a colocação de um raio-x que vai facilitar o diagnóstico e manter activo o Genesperp.

Para si, a meta é aumentar o DOT, porquanto não precisa de grandes estruturas para a sua implementação, uma vez que num centro de saúde, com um compartimento adequado, pode-se aplicar este método de acompanhamento ao tratamento.

“Chamamos D.O.T ao Tratamento Directamente Observado. O médico vê diariamente o doente a tomar o medicamento, de modos a ter certeza do cumprimento da medicação, uma vez que existem muitos casos de abandono do tratamento. O paciente leva medicação para 15 dias, mas não toma”, salientou.

Na sua intervenção, Manuel Varela considerou preocupante a situação da tuberculose na província e recomendou aos pacientes a dirigirem-se nas unidades sanitárias sempre que apresentarem sintomas de doenças.

Falou de sintomas como tosses que se prolongam por mais de um mês, emagrecimento sem causa aparente, falta de apetite, suores noturnos, entre outros, que carecem de uma atenção especial .

“Há muitos que aparecem já em fase avançada,  quase sem pulmão e com dificuldade respiratória”, aventou o médico, para quem uma expansão dos serviços médicos nas comunidades vai permitir maior sensibilização e educação da população sobre as doenças, incluindo a tuberculose.

Sobre as causas da doença, o médico atribuiu a determinantes sociais, dando o exemplo de casos de famílias numerosas que residem em espaços pequenos, onde se um apanha essa doença, facilmente os outros apanham também.

Adiantou que o processo de expansão dos serviços vai iniciar no segundo trimestre do corrente ano, uma vez que já se fez o mapeamento das unidades que pertencem a província de Luanda como resultado da nova divisão política e administrativa.

“As unidades que estavam na Quiçama, Icolo e Bengo, partes de Cacuaco e de Viana passaram para a nova província do Icolo e Bengo. Então, temos de reestruturar, mapear e ver quais são as reais necessidades no domínio da saúde”, acrescentou.

Em termos de necessidade, argumentou a urgência de mais recursos humanos e ambulâncias, incluindo biológica para o dispensário.

Revelou que actualmente há uma reposição do stock de medicamentos, numa iniciativa da Direcção Nacional da Saúde.

O 24 de Março comemora o dia em que o médico alemão Robert Koch, em 1882, surpreendeu a comunidade científica ao anunciar, a um pequeno grupo de cientistas do Instituto de Higiene da Universidade de Berlim, que havia descoberto a causa da tuberculose, o bacilo de Koch, marcando um ponto de virada na história desta doença infecciosa humana.

Na época do anúncio de Koch, em Berlim, a tuberculose estava a se espalhar pela Europa e pelas Américas, causando a morte de uma em cada sete pessoas. A descoberta abriu o caminho para o diagnóstico e cura da tuberculose.

Em 1982, no centésimo aniversário da apresentação de Robert Koch, a União Internacional Contra a Tuberculose e Doenças Pulmonares (IUATLD) propôs que o 24 de Março fosse proclamado como o Dia Mundial da Tuberculose. A iniciativa teve o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS). LDN/OHA/SEC