Lubango – A Pesquisa Operacional contra a Desnutrição Crónica Infantil em Angola, denominada “Crescer”, inicia em Outubro próximo, em quatro comunas de municípios da Huíla e do Cunene, uma pesquisa sobre a incidência da malnutrição na região sul do país.
As acções vão ser implementadas a partir do dia 10 de Outubro, nas comunas sede da Jamba e de Libongue (Chicomba), na Huíla, e em Novembro, nas de Otchinjau (Cahama) e Mupa (Cuvelai), no Cunene, num total de 102 aldeias seleccionadas.
O projecto Crescer, direccionado ao combate à desnutrição, prevê beneficiar 12 mil famílias vulneráveis, com destaque para crianças menores de cinco anos e mulheres grávidas, em quatro comunas de municípios da Huíla e do Cunene.
A iniciativa é a quarta componente do Programa de Fortalecimento da Resiliência e da Segurança Alimentar e Nutricional (FRESAN), orçado 6.8 milhões de euros, num financiamento da União Europeia, a ser executado em quatro anos.
A informação foi avançada pela coordenadora-geral do projecto, Elena Trigo, durante a abertura da formação de seis dias de 68 inquiridores da pesquisa na Huíla, dos quais 40 estudantes de Medicina da Universidade Mandume ya Ndemufayo (UMN) e 28 Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário (ADECOS).
Elena Trigo afirmou que as províncias da Huíla e do Cunene estão com um índice de desnutrição infantil crónica elevado, daí a preocupação, uma vez que a doença atrasa o desenvolvimento cognitivo da pessoa, tornando os menores em adultos não funcionais.
Disse que a ideia é identificar uma intervenção que consiga travar e prevenir a desnutrição crónica e os danos neurológicos no desenvolvimento das crianças com a doença.
Declarou que trabalham com amostras populacionais, que representam a vivacidade da população rural das duas províncias e os resultados vão ser estendidos a outras áreas das províncias do sul e não só.
“São comunas similares a outras de municípios da região que têm um índice de pobreza multidimensional de quatro a cinco, os mais baixos e até o momento não estavam a receber intervenções dirigidas a nível da desnutrição crónica, o que nos permite fazer uma análise genuína”, acrescentou.
Por sua vez, o reitor da UMN, Sebastião António, salientou que como instituição de ensino, esta tem de começar a deixar a mera difusão de conhecimento científico e passar para a produção de saberes.
Pediu responsabilidade e engajamento dos formandos, pois o estudo vai dar a informação do estado nutricional das crianças, uma doença que interfere no processo de ensino e aprendizagem e indicar as soluções para a resolução dos problemas.
“É necessário envolver os estudantes nos projectos de investigação científica para que eles comecem a aprender termos médicos, conciliando o papel assistencial e o da investigação científica”, defendeu.
A formação foi feita igualmente na semana finda, no Cunene com 40 estudantes de enfermagem e 28 ADECOS dos municípios do Cuvelai e Cahama, na vertente de aplicação de inquéritos por dispositivo digitais de recolha de dados e treinamento prático com instrumentos de pesquisa.
O trabalho envolve parceiros nacionais e internacionais, como a Universidade Mandume Ya Ndemufayo (UMN), o Instituto de Desenvolvimento Local “FAS”, o FRESAN e Hospital Vall D’hebron, que representa o instituto de investigação em Espanha.