Benguela – O dia 29 de Junho de 2024 entrou para a história do Hospital Geral de Benguela (HGB), ao realizar, nessa data, a primeira cirurgia de prótese parcial da anca, em uma paciente de 42 anos de idade, apurou hoje a ANGOP.
Em 124 anos de existência, é a primeira vez que a equipa de Ortopedia do Hospital Geral de Benguela – maior instituição hospitalar da província do mesmo nome – realiza, em parceria com a RF Medical Angola, uma cirurgia ortopédica de Prótese da Anca ou Artroplastia da Anca.
O procedimento cirúrgico, em uma paciente adulta de 42 anos, que padecia de uma fratura subcapital do fêmur, com mais de três meses de evolução, foi concluído em 30 minutos, no que foi considerado um grande sucesso.
Dessa cirurgia participaram mais de 14 integrantes da equipa de Ortopedia do HGB e outros médicos da RF Medical.
De acordo com os médicos, a paciente encontra-se estável clinicamente numa enfermeira da unidade hospitalar.
Ao falar este domingo à ANGOP, o director do Hospital Geral de Benguela, Divane Marcolino, exalta o feito e garante o início, dentro de dias, de um projecto de cirurgias ortopédicas para inserção de próteses parciais da anca, com primazia para pacientes idosos.
Para o gestor, são indivíduos de mais de 60 anos e as próteses parciais poderão ajudá-los na melhoria da sua qualidade de vida por mais cinco ou dez anos.
Segundo Divane Marcolino, progressivamente, o Hospital Geral de Benguela também passará a fazer a cirurgia com próteses totais em outros pacientes com idade activa.
“A ideia é irmos inserindo próteses totais aos mais jovens, porque são grupos ainda produtivos para ajudar no desenvolvimento socioeconómico do país”, referiu.
Como as próteses totais aguentam muito mais tempo, o director do HGB justifica a escolha dessa franja mais produtiva da sociedade quanto ao investimento a ser feito neste domínio.
História
O director do HGB está orgulhoso dessa façanha protagonizada pela unidade hospitalar, apenas poucos dias depois de realizar a primeira cirurgia de implantação de prótese de silicone em Angola a um paciente 24 anos que nasceu sem nariz, devido à uma condição rara chamada arrinia.
“Foi bom porque 124 anos de existência do Hospital Geral de Benguela, pela primeira vez, faz-se uma cirurgia de prótese parcial da anca a uma jovem de 42 anos (…) é de louvar”, salientou.
Fez questão de lembrar que, antigamente, essa paciente teria que ser evacuada para fora do país e ou para um hospital de referência em Luanda.
Porém, acrescentou que, nesse preciso momento, o sector público de saúde não está a fazer esta intervenção na capital do país, à excepção de Cabinda onde a cirurgia de prótese é também uma realidade.
Daí que Divane Marcolino reconheça que o Hospital Geral de Benguela está a crescer e a afirmar-se cada vez mais como uma referência no que diz respeito às cirurgias complexas a nível do país.
Aproveitou ainda para apontar como objectivo desenvolver cada vez mais a província de Benguela, já que, a seu ver, há muitos jovens médicos com vontade de ajudar o sector da saúde a atingir novos patamares.
Uma vez que a ortopedia e traumatologia ainda registam índices muito elevados na população por causa dos acidentes de viação e não só, Divane Marcolino promete continuar a investir na melhoria dos serviços.
Reestruturação
Fundado em 1900, século XIX, e referência para a província, com mais de dois milhões e 500 mil habitantes, o Hospital Geral de Benguela, com 670 camas, tem passado, sobretudo nos últimos três anos, por uma reestruturação para a melhoria da qualidade de atendimento aos utentes.
Em 2022, o Governo remanejou mais de dois milhões de dólares – destinos inicialmente à construção de um hospital de campanha da Covid-19 em Benguela - para obras de requalificação e ampliação do hospitalar, que atende em média mais de 400 pacientes/dia nas urgências de adultos, pediatria e maternidade.
Como parte dessa iniciativa, os serviços de urgência geral já beneficiaram de intervenção, incluindo a maternidade central, cujo bloco operatório foi reaberto em Dezembro de 2023, dois anos depois, com três salas de cirurgia, área de recobro com 12 camas e duas salas de urgência.
Destaque ainda para a modernização da Unidade de Patologias Complexas, aberta em Março de 2023, com 48 camas, para receber os doentes de Covid-19, cardiovasculares, gastrointestinais e tumores.
Além disso, o HGB ainda beneficiou do novo serviço de neurocirurgia, otorrinolaringologia e oftalmologia, que oferecem agora 24 leitos para o internamento de pacientes.
Na área de consultas externas, bastante movimentada, o Hospital Geral de Benguela chega a atender mais de mil pacientes/dia, a maioria provenientes dos bairros periféricos da cidade. JH/CRB