Lubango – O hospital central do Lubango “Dr. António Agostinho Neto” necessita que se duplique o seu orçamento, actualmente fixado em 250 milhões de kwanzas/mês, para responder os efeitos da inflação nos custos dos medicamentos, manutenção, meios de trabalho e despesas com o pessoal.
A inflação e a desvalorização da moeda nacional deixa a unidade, de carácter regional e que atende, também, pacientes do Namibe, Cuando Cubango e Cunene, a braços com uma crise de meios para suprir as suas principais necessidades, pelo que só um orçamento de seis mil milhões de kwanzas/ano seria suficiente para o gerir "sem problemas".
Em entrevista à ANGOP, nesta cidade, a sua directora-geral, Lina Antunes, considerou que a quota mensal do hospital serve para pagar serviços que lhe são prestados, quer de alimentação dos doentes, higiene, lavandaria, jardinagem, internet, bem como a manutenção de equipamentos, aquisição de fármacos e outros meios de protecção.
O montante, segundo a directora, tornou-se irrisório, dado que há necessidades que são constantes, como as de manutenção de equipamentos de anestesia, ventiladores, transportes, pagamentos de salários, subsídios a trabalhadores eventuais e de custos da área de hemodiálise.
Referiu que, a título de exemplo, face a desvalorização do kwanza, os preços dos medicamentos essenciais e de reagentes triplicaram e o hospital está em dificuldades de cobrir os encargos, sendo que a área mais afectada é a de microbiologia, cujas despesas passaram de 18 milhões, em 2019, para as 52, em 2023.
Por outro lado, Lina Antunes mostrou-se ainda preocupada com o défice de pessoal, pois devido a reformas, por limite de idade, assim como o fim de contrato com médicos cubanos e russos, 17 especialidades trabalham limitadas.
De entre as áreas mais afectadas, citou a fonte, estão as de imagiologia, cirurgia, cuidados intensivos e cardiologia e os concursos públicos disponibilizam quotas “irrisórias” para esses segmentos.
“Foram à reforma 47 funcionários e mais de 20 estão a caminho, alguns deles são técnicos do bloco operatório e instrumentistas. Com o último concurso, o hospital preencheu apenas sete vagas, das 100 necessárias para cobrir a assistência médica humanizada ”, disse.
Com uma capacidade de internar mais de 523 camas, o hospital central Dr. António Agostinho Neto labora com 843 funcionários em distintas especialidades. JT/MS