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Hospitais carecem de neuropediatras para diagnosticar autismo no país

     Saúde              
  • Benguela • Terça, 16 Julho de 2024 | 14h52
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Laurinda Dala Fuxi, psicóloga clínica e coordenadora do projecto "Florescendo Vidas"
Laurinda Dala Fuxi, psicóloga clínica e coordenadora do projecto "Florescendo Vidas"
DR
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Vista parcial do Hospital Pediátrico "David Bernardino"
Vista parcial do Hospital Pediátrico "David Bernardino"
Domingos Cardoso - ANGOP

Benguela – A maioria dos hospitais da rede pública e privada no país debate-se com falta de neurologistas pediátricos, o que compromete o diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), alerta a psicóloga clínica Laurinda Dala Fuxi.

O TEA é caracterizado como um distúrbio do desenvolvimento neurológico, que geralmente se manifesta aos três anos de idade, afectando a comunicação, o comportamento e a interacção social.

Actualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que existam cerca de 70 milhões de pessoas com autismo no mundo. 

Já em Angola, a estimativa é de que 575 mil pessoas apresentem o referido distúrbio, sendo 157 mil só na província de Luanda. 

Em entrevista esta terça-feira à ANGOP, em Benguela, a psicóloga clínica e coordenadora do projecto “Florescendo Vidas”, vê na falta de médicos especialistas o grande entrave ao diagnóstico clínico e ao tratamento mais adequado, através de várias terapias.

Apesar de existirem pouco mais de meio milhão de autistas no país, Laurinda Dala Fuxi lamenta que não haja neurologistas pediátricos em todos os hospitais públicos ou centros de saúde, daí o diagnóstico tardio do TEA.

É que, de acordo com ela, o défice de serviços de neurologia na rede pública é um sério problema, porque Angola tem apenas 15 especialistas nacionais e 17 expatriados, a maioria em Luanda.

Todavia, referiu que apenas os serviços de neurologia de dois hospitais materno-infantis, nomeadamente “David Bernardino” e “Dr. Manuel Pedro Azancot de Menezes”, em Luanda, contam com consultas para o diagnóstico do autismo.

Além dos hospitais públicos quer de 1º ou 2º nível, Laurinda Dala Fuxi também salienta a falta de profissionais de neurologia nas clínicas, por isso, sem condições para o diagnóstico do autismo na rede privada.  

“Há pais que não conseguem sequer ter o diagnóstico dos seus filhos, porque há sempre uma lista enorme de espera”, adianta a responsável do projecto “Florescendo Vidas”, que, na prática, capacita famílias e professores a lidarem melhor com crianças autistas.

Nesse sentido, a psicóloga clínica defende que é preciso ter profissionais habilitados em qualquer unidade hospitalar do país, para melhorar o atendimento aos pacientes com TEA.

Filas enormes

Laurinda Dala Fuxi lembrou que os únicos hospitais públicos com serviços adequados para atender crianças e jovens autistas estão na capital do país, o que tem provocado filas enormes.

Na opinião da psicóloga clínica, o enorme défice de especialistas nas unidades sanitárias faz com que muitas famílias não consigam ter acesso ao diagnóstico dos seus filhos, sobretudo fora de Luanda.

“Outras nem sequer têm informação sobre o assunto (…). Então, podem até observar mas não conseguem identificar esses sinais nos seus filhos, por falta de informações”, frisou.

Programa de intervenção

Embora a resposta ainda não seja satisfatória, precisou que existem programas públicos de intervenção, com o objectivo de ajudar as famílias a identificarem o Transtorno do Espectro Autista.

“Ainda há muitas famílias desesperadas em busca de ajuda para poderem conseguir ajudar os seus filhos com autismo”, observou.  

Daí afirmar que esses programas deveriam ser mais alargados, para beneficiar mais famílias, não apenas em Luanda, mas em todo o país.

É nesse contexto que Laurinda Dala Fuxi justifica a criação do projecto  “Florescendo Vidas”, com o fito de ajudar o Estado no diagnóstico e tratamento desse transtorno.

Trata-se de um projecto social, sem fins lucrativos, através do qual vários psicólogos têm vindo a trabalhar na conscientização da sociedade angolana sobre a existência do autismo.

“Porque temos visto uma banalização de crianças que apresentam comportamentos atípicos na sociedade e são colocadas de lado”, denunciou.

Mas, acredita que à medida que mais pessoas forem capacitadas, a sociedade vai mudar a forma estereotipada como olha para crianças e jovens autistas, tendo em vista a integração desse grupo de cidadãos.

“O projecto está ai para ajudar essas famílias a poderem dar o mínimo de assistência possível aos seus filhos”, realça, destacando a necessidade de se unir sinergias para melhorar a resposta a quem padece de autismo. JH/CRB 

 





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