Luanda - A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, reiterou, esta segunda-feira, em Luanda, o compromisso do Executivo angolano de acabar com o HIV/Sida como um problema de saúde pública até 2030, com a implementação de estratégias alinhadas e integradas com todos os sectores.
Segundo a governante, que falava no acto central do Dia Mundial da Luta contra a Sida (1 de Dezembro), assinalado no domingo, o Governo contará com parceiros de desenvolvimento, concretamente autoridades tradicionais, religiosas e sociedade civil que vão desempenhar eficientemente o trabalho de proteger e melhorar a saúde dos angolanos.
Para si, o estigma, a discriminação e os contextos sociais desfavoráveis continuam a ser a maior barreira para a prevenção, diagnóstico e tratamento.
Reconheceu que apesar das conquistas e dos esforços contínuos, ainda há muito a fazer para alcançar o compromisso de tratar 95% das pessoas diagnosticadas e de ter a mesma cifra dos pacientes em tratamento com carga viral indetectável.
Sílvia Lutucuta referiu que a saúde está interligada com outras questões essenciais como a redução das desigualdades, a garantia dos direitos humanos, igualdade do género, protecção social, desenvolvimento e distribuição da renda.
Para si, as desigualdades económicas, culturais e jurídicas não devem existir caso se queira acabar com a Sida até 2030.
“Contamos, por isso, com o apoio dos deputados, os representantes do povo, porque precisamos de fortalecer cada vez mais o envolvimento multissectorial para garantir o acesso aos cuidados de saúde primários, às pessoas que vivem com HIV, em especial junto das comunidades, dando resposta às necessidades das nossas populações”, disse.
Falou da necessidade de reforçar a consciencialização das comunidades na luta contra o HIV, advogando um maior envolvimento dos líderes comunitários para a prevenção da doença.
Na ocasião, a representante da ONU Sida, Hege Wagan, avançou que Angola precisa de uma abordagem sustentável e um sistema de saúde resiliente que inclua a saúde comunitária.
Destacou a necessidade de o Estado priorizar e buscar soluções inovadoras e orçamentos robustos para a saúde primária, sexual e reprodutiva, bem como o HIV.
A representante da ONU fez saber que, este ano, cerca de 1,3 milhões de pessoas foram infectadas com a doença, menos 60 por cento, comparado aos 3,3 milhões da década de 1990.
Mais de 30 milhões de pessoas estão em tratamento desde 2023, em comparação com 10 anos atrás, que foi de 13 milhões, houve um aumento na ordem dos 240%, alertou.
“Tivemos menos mortes relacionadas com a Sida em 2023, em comparação com 20 anos atrás. Agora estamos a ver 630 mil mortes, comparado com 2,1 milhões, que é uma redução em 70%”, actualizou.
Neste âmbito, assinalou que os progressos alcançados, hoje, na resposta ao HIV/Sida a nível mundial foram também impulsionados pelos avanços na protecção dos direitos humanos.
A Assembleia Nacional acolheu o acto central do Dia Mundial da Luta Contra a Sida, no âmbito das comemorações do Dezembro Vermelho, mês dedicado à consciencialização e prevenção do HIV/Sida.
O evento, orientado pela presidente do Parlamento, Carolina Cerqueira, contou com a participação de autoridades governamentais, representantes de organizações da sociedade civil e profissionais de saúde, bem como organizações internacionais.
O Dia Mundial do Combate à Sida é assinalado, anualmente, a 1 de Dezembro. O seu objectivo é sensibilizar e apoiar àqueles que padecem desta doença e homenagear os que faleceram infectados.
A criação deste dia foi uma iniciativa de James Bunn e Thomas Netter, dois oficiais do Programa Mundial da Luta contra a Sida da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A ideia ganhou apoiantes dentro e fora da OMS, sendo a sua implementação reconhecida através da Resolução 43/15 da Assembleia Geral da ONU, em 1988.
A sociedade é chamada a intervir, a assegurar que o problema da Sida permaneça na agenda política e que os direitos humanos fundamentais sejam respeitados. CPM/OHA