Luanda – A vacina contra à malária representa o maior ganho para os países africanos, com particular realce para Angola, afirmou, esta quinta-feira, o especialista em saúde pública, Jeremias Agostinho.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, na quarta-feira, em Genebra, a aprovação da primeira vacina contra a malária e recomenda o seu uso generalizado em crianças da África Subsahariana e outras regiões com altas taxas de transmissão da doença.
A OMS indica que, no contexto do controle abrangente da malária, a vacina RTS, S/AS01 seja usada para a prevenção da malária P. falciparum em crianças que vivem em regiões com transmissão moderada a alta.
Dados disponíveis indicam que a doença, em Angola, afectou, no primeiro semestre deste ano, mais dois milhões de pacientes, com cinco mil e 573 óbitos.
A taxa de mortalidade fixou-se na ordem de 0,1 por cento entre os casos atendidos nas diferentes unidades sanitárias do país.
Em declarações à ANGOP a propósito do aprovação da vacina, o especialista avançou que representa a maior e melhor notícia de todos os tempos para África, o continente mais endémico.
“A vacina apresenta-se como o maior ganho para os países africanos. É um sinal de comprometimento no combate à malária no mundo”, reforçou.
Jeremias Agostinho espera que o Governo angolano possa, o mais breve possível, trazer ao país a vacina e inclui-la no calendário do Programa Alargado de Vacinação.
Por seu turno, a representante da OMS em Angola, Djamila Cabral, assegurou que a vacina contra à malária está suficientemente testada e vai ajudar a reduzir a mortalidade e os casos graves entre as crianças africanas.
Em declarações à Televisão Pública de Angola (TPA), a responsável explicou que a vacina é “realizável” e pode ser introduzida no sistema normal de vacinação, sublinhando que foi concebida exclusivamente para crianças menores de cinco anos.
A malária, de acordo com a fonte da OMS, mata anualmente mais de 260 mil crianças e constituiu um dos principais problemas de saúde pública no Mundo, em particular em África, pelo que a descoberta da vacina constitui um grande ganho.
"Esta vacina começou a ser produzida nos anos 80 e vem sendo melhorada. Passou por todas as fases dos ensaios clínicos (1, 2 e 3), e depois de ter mostrado, na fase 3, a eficácia de reduzir cerca de 30 por cento dos casos graves de internamentos, a OMS propôs que fossem feitos estudos pilotos", explicou.
Segundo Djamila Cabral, já goza de grande aceitação da população, depois de validada na última quarta-feira pela OMS, sublinhando que está a ser utilizada no mundo inteiro, particularmente no continente africano.
Esclareceu que a vacina já não está na fase de testes e pode ser utilizada em larga escala, cabendo a cada um dos países a mobilização de fundos para se produzir a quantidade de doses necessárias para acudir os diferentes países necessitados.
"É preciso que os países comecem o processo de aprovação da própria vacina, porque cada país tem que aprovar a utilização da vacina", exprimiu, sublinhando que vai ajudar, sobremaneira, a reduzir os orçamentos da saúde nos países mais afectados, entre os quais os africanos.
Disse, por outro lado, que 94 por cento dos casos e de morte por malária ocorrem em África, sendo que, dos 11 países mais afectados no mundo, 10 são africanos.
"Esta vacina foi desenvolvida em África. Teve grande participação de cientistas africanos e vai servir predominantemente África", rematou a responsável da OMS em Angola.