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Mobilização comunitária é fundamental para controlar surto de cólera

     Saúde              
  • Huíla • Terça, 21 Janeiro de 2025 | 12h53
Edson Baptista,  especialista em saneamento total liderado pelas comunidades
Edson Baptista, especialista em saneamento total liderado pelas comunidades
Amélia Oliveira - ANGOP

Lubango - O especialista em Saneamento Total Liderado pelas Comunidades e Escolas (STLC/E), Edson Baptista, alertou para importância dos cidadãos envolverem-se “verdadeiramente” na prevenção e no combate à cólera, mantendo a higiene e abdicando da defecação ao ar livre.

Para o perito, o combate à cólera não é apenas papel das autoridades locais, mas, também, da pessoa singular, que no seu contexto deve exercer o seu papel de cidadania, trabalhando de forma colectiva, no sentido de garantir que todo o processo de sensibilização, mobilização e actos de erradicação seja controlado e célere.

Em declarações hoje, terça-feira, à ANGOP, no Lubango, afirmou a não defecação ao ar livre deve começar em casa, com opções mais acessíveis, em função dos recursos disponíveis, pois a cadeia de saneamento mostra a existência de diversas alternativas.

Segundo a fonte, os estudos indicam que a escala do saneamento é um processo que passa por três fases, nomeadamente o “sistema de gato”, onde as pessoas em situação de emergência defecam ao ar livre e com uma enxada ou um outro meio devem enterrar dos dejectos fecais para evitar a exposição.

Já o segundo, continuou, é caracterizado por casas de banho básicas, com um alpendre e a sanita tapada com uma fossa. Por último está um sistema integrado, de colheita de resíduos que vão todos desembocar numa estação de tratamento de águas residuais para o destino final, semelhante ao que se tem na centralidade da Quilemba (arredores do Lubango).

Destacou que a comunidade desempenha um papel fundamental nos processos de prevenção da doença, pois é quem vive no contexto contaminado, através de um trabalho massivo de mobilização e provimento de casas de banho públicas, latrinas comunitárias, independentemente do contexto, evita a exposição fecal, um processo que conta com o auxílio autoridades.  

No contexto escolar, a disponibilidade de casas de banho, sobretudo, em escolas públicas para facilitar que as crianças consigam dispor desta estrutura para uso e satisfação das necessidades, é um outro mecanismo que deve ser considerado, segundo a fonte.

Em cadeia, o que se espera no final, de acordo com Edson Baptista, é um ambiente sadio que deve começar na gestão dos resíduos, dentro das casas, considerando a manutenção dos espaços verdes com o crescimento de todas as espécies da fauna e flora atinente.

Salientou que a mobilização comunitária é um mecanismo a ser considerado e posteriormente a definição de outras acções para que possam mitigar o impacto da cólera na comunidade, depois com o trabalho associado que está a ser feito pelo sector da Saúde e outros, vai se conseguir controlar o surto epidemiológico.

Edson Baptista é mestre em ordenamento e ambiente, em gestão executiva de empresas públicas, doutorando em geologia e especialista em STLC/E.

O Saneamento Total Liderado pelas Comunidades e Escolas é uma abordagem introduzida em 2008, que iniciou na Huíla, de seguida fomentada em outras províncias do país. É um ponto de vista que hoje se considera uma estratégia de Estado, coordenada pelo Ministério do Ambiente.

Desde o início do surto, em Janeiro, foi reportado um total cumulativo de 612 casos. Já foram anunciados 29 óbitos pela doença, dos quais 20 em Luanda, seis no Bengo e três no Icolo e Bengo.  

A Huíla registou o surto a última vez em 2013 e teve mais de dois casos, com o Lubango, Quilengues, Caluquembe, Gambos e Matala como os municípios com o registo de mais casos. EM/MS





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